terça-feira, 20 de março de 2018

Preço das casas no centro histórico de Lisboa duplicou desde a crise / Se preço das casas continuar a subir, Bruxelas pede “monitorização” /FMI alerta para escalada no preço das casas em Portugal



Pelos vistos a única pessoa que não está preocupada é a Ana Mendes Godinho a Secretária de Estado do Turismo. O FMI e a Comissão Europeia estão a monitorizar . Ler em baixo artigos / comentários.
OVOODOCORVO
Preço das casas no centro histórico de Lisboa duplicou desde a crise
Rafaela Burd Relvas
11:46

O preço médio das casas no centro histórico de Lisboa já é de 4.472 euros por metro quadrado. É mais do dobro do que em 2013, quando se registaram os preços mais baixos.
Oaumento dos preços das casas no centro histórico de Lisboa tem vindo a abrandar, mas mantém-se. No segundo semestre do ano passado, os preços aumentaram perto de 6% e já ultrapassam os 4.400 euros por metro quadrado. E, numa análise mais alargada, o aumento é revelador: desde 2013, ano em que os preços nesta área da capital registaram o valor mais baixo desde que o levantamento é feito, o preço do metro quadrado mais do que duplicou.

Os dados, divulgados esta segunda-feira, são da consultora Confidencial Imobiliário, que analisa a evolução dos preços nas freguesias da Misericórdia, Santa Maria Maria Maior e São Vicente, tendo por base os dados dos direitos de preferência de que a Câmara Municipal de Lisboa goza no quadro da Área de Reabilitação Urbana.

Segundo a consultora, o preço das casas no centro histórico de Lisboa aumentou 5,9% no segundo semestre de 2017 em relação ao semestre anterior, alcançando uma média de 4.472 euros por metro quadrado, um novo máximo desde que o índice começou a ser produzido, em 2008. Esta variação representa um abrandamento do aumento dos preços e é mesmo a mais reduzida desde o final de 2015. Já em relação ao segundo semestre de 2016, a evolução dos preços no final de 2017 foi de 21,1%, também inferior à que tinha sido registada em semestres anteriores.

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, refere que, “tendo em conta o patamar de preços entretanto atingido”, o aumento “tenderá a suavizar, embora mantendo um percurso de valorização”.

Recuando até aos anos da crise, os preços no centro histórico de Lisboa já mais do que duplicaram. O ponto mais baixo dos preços foi atingido no primeiro semestre de 2013; desde então, aumentaram em 110%. Já relativamente a 2008, ano em que este índice começou a ser feito, os preços estão 67% mais altos.

Se preço das casas continuar a subir, Bruxelas pede “monitorização”
Lusa
7 Março 2018

Na perspetiva da Comissão Europeia, o preço real das casas ainda se encontra “subvalorizado”. Mas caso o ritmo de crescimento se mantiver, recomenda-se uma monitorização mais próxima deste indicador.
A Comissão Europeia considerou que a recuperação dos preços das casas em Portugal registado em 2016 e 2017 corresponde a “uma correção de valores anteriormente baixos”, o que, no entanto, poderá afetar a procura interna.

No relatório sobre Portugal, divulgado no âmbito do “pacote de inverno do semestre europeu”, o executivo comunitário conclui que “os riscos ligados ao dinamismo renovado no setor habitacional parecem estar controlados atualmente”. Se o atual ritmo acelerado do crescimento do preço real das casas for mantido a médio prazo em Portugal, recomenda-se uma monitorização mais próxima deste indicador, lê-se no relatório, apurando que o rápido aumento de preços já está a afetar a procura interna e “pode agravar a questão da acessibilidade da habitação”.

Para a Comissão Europeia, o aumento de preços das casas foi, “principalmente, restrito às áreas turísticas”, já que, no geral, os valores no setor da habitação “ainda estão a recuperar da queda da crise”. “A concentração de aumento de preços nas áreas turísticas, incluindo projetos de transformação de propriedades residenciais em instalações de alojamento, sugere que o mercado imobiliário é atualmente impulsionado, principalmente, por procura externa e investimentos relacionados com o turismo”, referiu o executivo comunitário, acrescentando que “os fatores domésticos parecem muito mais fracos, já que o stock de empréstimos hipotecários ainda está em declínio”.

De acordo com o relatório, o aumento de preços em 2016 e 2017 “ocorre após um longo período de declínio e é visto até agora como uma correção da desvalorização passada em vez de uma acumulação de novos desequilíbrios”. Na perspetiva da Comissão Europeia, o preço real das casas ainda se encontra “subvalorizado”. Em relação ao setor da construção, o executivo comunitário recomenda uma avaliação das restrições existentes para “entender se são uma barreira para o aumento da oferta de habitação”.


FMI alerta para escalada no preço das casas em Portugal
Paulo Moutinho
23 Fevereiro 2018

O preço das casas tem vindo a acelerar. Está já em níveis pré-crise, evolução que está a alarmar o FMI. Diz que é preciso monitorizar a subida. E tomar medidas para evitar stress na banca.
Os preços das casas não param de subir. E o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta para a necessidade de se monitorizar esta escalada para evitar repetições de problemas do passado, nomeadamente a escalada nos níveis de incumprimento do crédito à habitação que deixou a banca com um fardo pesado.

“Os preços das casas em Portugal aumentaram em cerca de 20% em termos reais desde 2013, o que compara com 7% na Zona Euro, atingindo máximos de 2009″, ou seja, antes da crise que atirou Portugal para o pedido de assistência financeira no qual o FMI participou. “É preciso monitorizar de perto os riscos do imobiliário”, alerta o fundo no relatório da 6.ª Avaliação Pós-Programa.

Ainda não existem dados oficiais sobre a evolução dos preços dos imóveis em 2017, mas a S&P estima que o aumento tenha sido de 11%, antecipando que esta tendência se mantenha, embora com menos ímpeto. Vê uma subida de 8,1% nos imóveis nacionais este ano, prevendo ainda um abrandamento desse ritmo de subida para 7%, em 2019, e 6%, em 2020. A avaliação bancária, feita na altura da concessão de crédito, subiu 5%.

"Os preços das casas em Portugal aumentaram em cerca de 20% em termos reais desde 2013, o que compara com 7% na Zona Euro.”

No relatório da 6.ª Avaliação Pós-Programa, o FMI nota que parte da subida dos preços seja reflexo do apetite por parte dos estrangeiros, mas a outra reflete o crescimento do crédito. “Enquanto parte do aumento poderá ser associado à compra por parte dos não residentes, uma ‘fatia’ cada vez maior das transações é financiada pelos bancos”, salienta. Dois anos depois, o saldo do crédito para a compra de casa subiu em 2017.

“Ainda que o recente aumento dos preços das casas não tenha sido fomentado pelo ciclo de crédito, as autoridades de supervisão [o Banco de Portugal] devem manter-se vigilantes e prontas para adotarem medidas macroprudenciais adicionais, caso necessário, para prevenir o risco de aumento de malparado e fortalecer a resiliência tanto dos bancos como das famílias”, destaca. O malparado continua elevado, mas está a cair.

"Ainda que o recente aumento dos preços das casas não tenha sido fomentado pelo ciclo de crédito, as autoridades de supervisão [o Banco de Portugal] devem manter-se vigilantes e prontas para adotarem medidas macroprudenciais adicionais.”

Na resposta das autoridades nacionais a esta sexta avaliação são reconhecidos “os desafios do sistema financeiro” e sublinham as medidas anunciadas recentemente pelo regulador da banca. “À luz desta evolução, o Banco de Portugal anunciou a introdução de medidas macroprudenciais numa base de recomendação”, refere. Estas medidas passam pela imposição de limites a alguns dos critérios usados na avaliação de solvabilidade dos clientes.

Em causa estão três medidas preventivas da iniciativa do regulador a aplicar nos novos contratos de crédito. Em concreto, a criação de limites para o rácio entre o montante do financiamento face ao valor do imóvel que serve de garantia (LTV), o estabelecimento de um teto máximo para o rácio entre os encargos com créditos e o rendimento familiar, bem como uma limitação à maturidade dos empréstimos.

Ainda assim, as autoridades nacionais sublinharam na sua resposta ao Fundo que não há indícios de uma bolha no setor imobiliário: “nesta fase, não há indicações claras de sobrevalorização do mercado imobiliário”. Contudo reconhecem que são necessários “esforços para aumentar a cobertura e melhorar a qualidade da informação sobre o mercado imobiliário, e é preciso fortalecer as ferramentas analíticas”. Além disso, “os requisitos utilizados pelos bancos na concessão de crédito também deve continuar a ser tidos em atenção”.

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