domingo, 14 de janeiro de 2018

Merkel pode juntar-se a Macron para choque épico com Trump em Davos / A German coalition deal to radically reshape Europe


Merkel pode juntar-se a Macron para choque épico com Trump em Davos

Fontes do Governo alemão dizem que a chanceler não descartou a possibilidade de ir ao Fórum Económico Mundial. O Presidente francês espera-a.

NOAH BARKIN , em Berlim 14 de Janeiro de 2018, 18:24

A chanceler alemã, Angela Merkel, está a ponderar juntar-se ao Presidente francês Emmanuel Macron no Fórum Económico Mundial em Davos, podendo ter lugar na cidade suíça um choque épico com Donald Trump e a sua visão do mundo.

Tudo indicava que Merkel, que tem estado empenhada em formar um Governo desde as eleições alemãs de Setembro, iria, pela terceira vez consecutiva, faltar à reunião anual de líderes políticos, administradores e banqueiros na cidade dos Alpes. Porém, agora que conseguiu um acordo preliminar para reeditar a Grande Coligação com os sociais-democratas, fontes no Governo alemão avançam que a chanceler poderá viajar para Davos na semana que vem - abrindo caminho para o confronto de duas visões antagónicas do mundo.

A sua presença assinalaria o regresso de Merkel ao palco mundial depois de ter passado meses no limbo político. Ao afastar-se da ribalta, muitos na Alemanha e no estrangeiro já a viam como carta fora do baralho.

Ir a Davos permitiria que, juntamente com Macron - que discursa a 24 de Janeiro; o Presidente dos Estados Unidos fala a 26 -, reafirmassem o seu compromisso com a reforma da União Europeia depois da saída do Reino Unido, e defendessem os valores da democracia liberal por oposição à "América Primeiro" de Trump.

O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, foi vago na resposta quando questionado sobre a ida ou não da chanceler à reunião de Davos que tem como tema "Criar um futuro partilhado num mundo fracturado". Estarão na cidade suíça 60 chefes de Estado e de Governo.

Mas depois de chegar ao acordo preliminar com o SPD, as hipóteses de Merkel ir a Davos aumentaram. Fontes alemãs disseram que ainda não foi tomada a decisão final e que Merkel não se quer comprometer antes de saber o resultado do congresso dos sociais-democratas, que no domingo 14 de Janeiro decidem se avançam ou não para a negociação da Grande Coligação.

Fontes do Fórum disseram estar convencidos de que Merkel ainda pode participar.

A reunião deste ano será inaugurada pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Os primeiros-ministros do Reino Unido, Theresa May, Canadá, Justin Trudeau, e israelita, Benjamin Netanyahu, são esperados. Assim como celebridades como a actriz Cate Blanchett e o músico Elton John.

No ano passado, o fórum de Davos teve lugar na semana da tomada de posse de Donald Trump e foi "dirigido" pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que assinalou a sua vontade de ocupar o vazio de liderança criado pela mudança de rumo na América.

Desde então, Trump retirou os EUA da Parceria Trans-Pacífico, o acordo de comércio livre com os países asiáticos, anunciou que saía do Acordo de Paris sobre o clima e ameaçou torpedear o pacto que pôs fim ao programa nuclear iraniano.

Entrou numa guerra de palavras com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, provocando medo de um possível conflito. E na semana passada indignou o mundo ao referir-se ao Haiti e algumas nações africanas como "países merdosos", segundo relataram os congressistas que estiveram numa reunião na Casa Branca.

No sábado, 500 pessoas marcharam em Berna, a capital da Suíça, contra a presença de Trump no Fórum de Davos. "Há muito pouca coisa no mundo a unir os países, mas a antipatia por Trump está a ter esse efeito", disse Ian Bremmer, presidente do grupo de consultadoria de riscos Eurasia Group e presença habitual em Davos. "Nos Estados Unidos, ele pode ter 40% de aprovação quanto ao que está a fazer. Mas em Davos tem uns 5%".

A visita de Trump será a primeira de um Presidente dos Estados Unidos desde a participação de Bill Clinton, em 2000 (Ronald Reagan participou através de vídeo e Barack Obama nunca foi). Vai acompanhado por uma larga delegação que se espera inclua o genro Jared Kushner, o secretário do Tesouro Steve Mnuchin e o secretário de Estado, Rex Tillerson.

Merkel tem uma relação gelada com Trump, que durante a campanha eleitoral de 2016 a acusou de "arruinar a Alemanha" ao permitir a entrada de milhares de refugiados das guerras no Médio Oriente em 2015.

Depois da vitória de Trump, alguns meios de comunicação ocidentais disseram que Merkel era o último pilar do liberalismo ocidental. Desde então, a eleição de Macron, um centrista pró-Europa que, como Merkel, apoia o comércio livre e a ordem global, deram-lhe um importante aliado no confronto com Trump.

"Os meus instintos dizem-me que Macron vai fazer um discurso em grande", diz Robin Niblett, director da Chatham House, um think tank em Londres. "Ele não se vai limitar a falar da Europa. Ele vai tentar pôr o manto do mundo livre debaixo da asa da Europa".


Se ao seu lado estiver Merkel, que já foi sete vezes a Davos desde que chegou à chancelaria, em 2005, a mensagem ressoará ainda mais alto.


A German coalition deal to radically reshape Europe

The preliminary agreement signals a shift to more agenda-driven EU politics

WOLFGANG MUNCHAU 

Angela Merkel and Martin Schultz: in the last grand coalition deal, in 2013, there was hardly any reference of Europe beyond the usual clichés © AP
Germany’s two main parties finally reached a preliminary agreement for a grand coalition. Whether it holds is anyone’s guess. There are plenty of obstacles still in the way between the deal reached in the early hours of Friday morning and Germany getting a new government.

But if the parties involved — the Christian Democrats led by chancellor Angela Merkel and the Social Democrats — do manage to pull it off, it would be truly radical in one respect: the section on the future of the EU lays out the biggest push by Germany towards continental integration since the Maastricht treaty a quarter of a century ago.

In the last grand coalition deal, in 2013, there was hardly any reference of Europe beyond the usual clichés. The big issue then was the national minimum wage. But in last week’s agreement, Europe is the number one item. This section goes way beyond a general willingness to engage with the French president Emmanuel Macron on eurozone reform. It declares a readiness to expand the EU budget with a larger German net contribution. It specifically supports a eurozone budget to fund macroeconomic stabilisation, social convergence and structural reforms.

The way I read this is that the European Stability Mechanism, the rescue umbrella, would be part of an enlarged EU budget and not, as now, run by member states. This is exactly what Jean-Claude Juncker, European Commission president, demanded. He must be delighted. It marks a momentous shift away from the inter-governmentalism of Ms Merkel towards a more integrationist position. I just wonder what the conservatives in the CDU and their Bavarian allies, the Christian Social Union, make of the chancellor’s latest U-turn.

On the ESM, we knew that Germany wanted to expand it, but we did not know that it now wants it to be anchored inside the EU. Wolfgang Schäuble, the previous finance minister, was adamant that the ESM should not come under the wings of the commission. That position, too, seems to have changed.

The preliminary agreement also envisages strengthening the European Parliament to make the governance of the eurozone more democratic. On this point the German parties disagree with Mr Macron, who wants a separate eurozone parliament. Where Germany does support France is with an explicit call to strengthen anti-dumping policies and to impose a minimum corporate tax rate across the EU. Watch out for a big confrontation between France and Germany on one side and low tax member states such as Ireland on the other.

The first pages of the agreement make welcome reading to those of us who have advocated more measures to make the eurozone less crisis-prone.

The preliminary agreement also envisages strengthening the European Parliament to make the governance of the eurozone more democratic

The section on Europe clearly reveals the hand of Martin Schulz, SPD leader and a former president of the European Parliament. But how will this go down with your average SPD party activist? Does their enthusiasm about European integration outweigh their hostility towards Ms Merkel? The SPD rank and file are hostile to the chancellor’s leadership style and are infuriated by her tendency to adopt their policies and make them her own. The consensus view within the SPD is that the relationship cost them the election. Many, including the SPD’s youth organisation, want a period in opposition to regenerate.

I am no fan of grand coalitions, which end up strengthening extremist parties. Moreover, a new coalition would not be grand. It would have 56 per cent of the seats in the Bundestag, down from about 80 per cent last time. A new grand coalition might well be the last of its kind. Germany could become like the Netherlands, where it takes four or five parties to form a government.

Is this a price worth paying for a European agenda with an uncertain outcome? There is no guarantee that a joint Franco-German proposal for the eurozone would be accepted by all EU members. It would require formal treaty change, which itself must be agreed by all member states. France and Germany may start off with a coalition of the willing, and take it from there. The coalition deal made by the recently formed Dutch government names the exact opposite objective: no further strengthening of the eurozone. Can France and Germany really proceed without the Netherlands? Will the Netherlands change its views if Germany does?

What is certain is that it will be tough going all the way. Tough to get the SPD’s party congress on January 21 to back formal coalition talks. Tough to get SPD members to approve a coalition agreement. And even tougher to get all 19 eurozone members to agree reforms.

Perhaps the most remarkable part about Friday’s document is that it signals a shift from Ms Merkel’s non-committal managerial style to more agenda-driven politics. We are approaching a new era.

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