quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Cervejaria Solmar está na mão de chineses e reabre daqui "a dois ou três meses"


Sim ... Chineses dizem que vão respeitar todas as características dos Interiores, conscientes do seu valor Patrimonial e Histórico, incluindo o anúncio luminoso da fachada, mas não deixa de ser um "sinal dos tempos" o facto de que todo o Investimento e dinamismo empreendedor nos centros determinantes e estratégicos, seja exclusivamente Internacional ... Portugal no Imobiliário, nos negócios , à VENDA ...
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Cervejaria Solmar está na mão de chineses e reabre daqui "a dois ou três meses"
Empresária chinesa vai explorar o icónico restaurante da Baixa lisboeta e promete mantê-lo tal como até aqui. Não só em relação à arquitectura, mas também à comida.

João Pedro Pincha
JOÃO PEDRO PINCHA 18 de Outubro de 2017, 22:19

A emblemática cervejaria Solmar, famosa não só pelos mariscos como pela exuberante decoração interior, está em obras e deve reabrir daqui “a dois ou três meses”. O restaurante da Rua das Portas de Santo Antão, na Baixa de Lisboa, será explorado por empresários chineses, que garantem querer manter a identidade portuguesa do espaço.
A Solmar vai continuar a ser uma marisqueira e cervejaria, disse ao PÚBLICO um cidadão chinês que se encontrava no local esta quarta-feira à tarde e que se apresentou como Jin, sobrinho da nova gerente. As obras começaram “há duas semanas” e devem estar concluídas dentro de “dois ou três meses”. Um operário português que por ali estava afirmou que os trabalhos visam “preservar o aspecto antigo” da cervejaria.
A mesma garantia deu Jin Yun Hua, que disse ao PÚBLICO ser a nova dona da Solmar. A também presidente da Associação Geral das Mulheres Chinesas em Portugal afirmou que o objectivo é “só pintar e limpar” e que não estão previstas mais alterações. “A casa é histórica, não podemos fazer nada”, acrescentou.
Apesar de ter perdido alguma relevância nos últimos anos, a Solmar continua a ser um ícone da restauração lisboeta. Sobretudo por causa da sua arquitectura modernista, do enorme painel de azulejos criado por Pedro Jorge Pinto e do mobiliário desenhado especificamente para o espaço por José Espinho e produzido pelos Móveis Olaio. Na quarta-feira, as cadeiras e mesas estavam arredadas e empilhadas, enquanto os trabalhadores se movimentavam.
O carácter único da arquitectura e da decoração da cervejaria levou a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) a abrir um procedimento de classificação patrimonial em Fevereiro do ano passado, depois de isso ter sido proposto por cidadãos em 2012. O procedimento ainda não terminou, mas a Solmar está já abrangida por um conjunto de regras. Entre outras coisas, a venda ou arrendamento do espaço têm de ser comunicados previamente às entidades, além de ser obrigatório estas darem autorização à realização de obras.
O PÚBLICO não conseguiu contactar António Pedro Paramés, herdeiro dos irmãos galegos que fundaram o restaurante nos anos 1950 e que até há pouco era sócio e gerente da Solmar. Também não foi possível perceber se os trabalhos em curso no interior foram autorizados e se estão a ser acompanhados pela tutela.
Tanto a empresária chinesa como o seu sobrinho garantem que sim, que “há licença” e que as obras em nada vão alterar a marisqueira. Até o grande reclame luminoso no exterior, uma das imagens de marca da Rua das Portas de Santo Antão, vai ser recuperado, afiançou Jin, o sobrinho.

A Solmar, cujos mariscos trazidos de propósito do mar do Guincho fizeram a fama da casa, fica no rés-do-chão de um palácio ocupado há mais de cem anos pelo Ateneu Comercial de Lisboa. Esta entidade, que teve uma profícua actividade cultural, recreativa e desportiva, está desde 2012 envolvida num complexo processo de insolvência. O espaço da cervejaria, no entanto, não pertence ao ateneu.

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