quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Associação de Alfama recorre à Justiça para travar Museu Judaico

«Obra de autor” em assumida ruptura e arrogante desprezo pela envolvente Patrimonial e pelo contexto histórico. Nào se discute o direito à existência do Museu Judaico neste local. Discute-se a violência afirmativa por demarcação e arrogância autista da linguagem arquitectónica escolhida e "aprovada"!»   António Sérgio Rosa de Carvalho

Associação de Alfama recorre à Justiça para travar Museu Judaico

Moradores e comerciantes estão contra a instalação do museu no Largo de São Miguel. Cancelamento de reunião foi a gota de água.

 João Pedro Pincha
JOÃO PEDRO PINCHA 27 de Setembro de 2017, 7:50 Partilhar notícia

A Associação do Património e População de Alfama (APPA) apresentou uma providência cautelar para travar a construção do Museu Judaico no Largo de São Miguel. Há já muitos meses que a associação vem dizendo que considera que aquele largo de Alfama é um sítio desadequado à instalação do museu, mas a Câmara Municipal de Lisboa tem-se mostrado inflexível.

Em Abril, perante as críticas de moradores e comerciantes do bairro, criou-se uma comissão de acompanhamento do museu, que apenas se reuniu pela primeira vez em Julho. Nesse encontro decidiu-se que a localização era um ponto inegociável, mas que o projecto – assinado por Graça Bachmann e com arquitectura contemporânea – podia ser alterado. Decidiu-se inclusivamente que os lisboetas podiam enviar sugestões de alteração até meio de Agosto. Na altura, o PÚBLICO tentou perceber como é que se podiam apresentar propostas, quem é que as podia fazer e como é que elas seriam ponderadas. Nunca houve resposta da câmara.

Museu Judaico, em Lisboa, "tem sido discutido intensamente"
Estava marcada uma nova reunião dessa comissão para 11 de Setembro, mas a dirigente da APPA diz que ela foi cancelada “na véspera”. Essa foi a gota de água, explica Lurdes Pinheiro – que, além de presidente da associação, é também candidata da CDU à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.

“Mandámos moradas de edifícios na Rua Jardim do Tabaco que estão fechados e serviam perfeitamente”, diz Lurdes Pinheiro. “Na véspera da reunião, recebi um telefonema do gabinete da vereadora Catarina Vaz Pinto [pelouro da Cultura] a dizer que afinal não havia reunião, que só ia haver depois das eleições.”

O PÚBLICO procurou confirmar esta informação junto da autarquia, mas não obteve resposta. Também tentou perceber quantas propostas de alteração ao projecto foram recebidas, mas esta questão ficou igualmente por esclarecer.

Para a APPA, que apresentou a providência cautelar esta terça-feira de manhã, “a principal reivindicação é que o museu não seja construído no Largo de São Miguel” e não que o projecto seja revisto (embora também não goste dele). A associação, apoiada por alguns membros do Fórum Cidadania Lx e outros activistas de defesa do património, considera que o espaço reservado para o museu devia antes ser utilizado para construir habitação. E que há prédios na Rua Jardim do Tabaco, onde já está o Museu do Fado, onde este museu podia ser instalado.

Inicialmente, a abertura do museu estava prevista para Setembro deste ano. O prazo está quase a ser ultrapassado e nem um tijolo foi colocado. Se a providência cautelar tiver sucesso, o processo vai arrastar-se ainda mais. Resta saber até quando.


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