domingo, 6 de agosto de 2017

Para quem vive em Barcelona, o turismo é o principal problema



Para quem vive em Barcelona, o turismo é o principal problema

O crescimento turístico tem sido um bónus para a economia, e o discurso oficial reflecte-o. Mas não é vivido como uma benesse pelos cidadãos.
 Clara Barata

CLARA BARATA 5 de Agosto de 2017, 7:09

O turismo em excesso é o principal problema da cidade de Barcelona para os seus habitantes. Há cinco anos, esta questão não surgia sequer no radar dos problemas que preocupavam os habitantes da capital da Catalunha, revela o último Barómetro Semestral da câmara municipal, publicado em Junho.

Os números do crescimento do turismo, e questões associadas, são arrasadores em Espanha, e em especial na Catalunha. A expansão desta indústria foi fulcral para fazer arrancar a economia espanhola: os mais de 75 milhões de turistas internacionais que entraram em Espanha em 2016 deixaram lá 77.625 milhões de euros, quase um quarto do valor das exportações, diz o El País. E já no primeiro trimestre de 2017, houve um aumento de 6,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Este crescimento tem sido um bónus para a economia, e o discurso oficial reflecte-o. Mas não é propriamente vivido como uma benesse pelos cidadãos, que suportam a enorme pressão que representa todo este acréscimo de visitantes — nos recursos hídricos, no preço e disponibilidade de casas, no tipo de apartamentos e empregos disponíveis, por exemplo.

“O modelo espanhol é claramente ineficaz”, disse ao El Pais Juan Ignacio Pulido, professor de Economia Aplicada da Universidade de Jáen. “Exige um grande volume de procura o que tem custos que se externalizam na sociedade e no ambiente. O problema é que continuamos a medir o sucesso do turismo através do número de visitantes”, sublinhou.


Os protestos contra o excesso turístico na Catalunha da organização Arran, ligada a grupos de esquerda independentista catalã, são também contra a precarização do trabalho — ao sector da hotelaria interessa oferecer postos de trabalho temporários e remunerados pelo mínimo. O tipo de oferta laboral também perde variedade: Espanha transforma-se “num país de criados”, como se ouve dizer cada vez mais frequentemente, salienta ainda o El País.

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