quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Medina admite que não esteve bem no abate de árvores


Medina admite que não esteve bem no abate de árvores
INÊS BOAVENTURA 26/10/2016 – 20:13

PSD diz que executivo de Medina “padece de legitimidade flutuante”. Manuel Salgado explicou que, depois da contestação, se optou por conservar no Campo Grande árvores com problemas fitossanitários. “Com aspirina e bom tempo pode ser que se mantenham”, diz.

A vereadora Alexandra Barreiras Duarte acusa a Câmara de Lisboa de ter agido, no caso do anunciado abate de árvores no Campo Grande, “ao arrepio” de uma moção aprovada por unanimidade pelos vereadores. Para a eleita do PSD, este caso demonstra que a maioria liderada por Fernando Medina “padece de uma legitimidade flutuante”. O presidente da câmara acabou por admitir o erro. "Acho que não estivemos bem. [Essa solução] não se enquadra na nossa orientação política", admitiu Medina.

Com isso, a vereadora quis dizer que a câmara toma decisões “precipitadas”, que acaba por alterar “após alguma pressão”. No centro dessa crítica está o facto de na passada segunda-feira a câmara ter anunciado que afinal só iriam ser abatidas três árvores (e transplantadas cinco) no Campo Grande, quando as informações veiculadas na sexta-feira anterior por moradores da zona davam conta de que seriam 28.

“Como é que em poucas horas se altera a decisão? Como é que se transita de uma decisão de abater 28 para abater três?”, perguntou Alexandra Barreiras Duarte na reunião camarária que se realizou esta quarta-feira. A vereadora questionou também se o abate ia ser feito porque as árvores “obstaculizavam a obra” que vai ser realizada no local ou se resultava de uma “avaliação fitossanitária”.

A autarca lembrou ainda que em Junho a autarquia aprovou, por unanimidade, uma moção do PSD na qual se defendia a adopção de “medidas cautelares e de carácter urgente, em matéria de prevenção e protecção do arvoredo da cidade de Lisboa” e se pedia que se privilegiasse o transplante em vez do abate.

“Para que é que servem as moções, pergunto? Qual é a sua utilidade política e normativa?”, questionou Alexandra Barreiras Duarte, que considera que o documento aprovado em Junho não foi “tido em conta”. A autarca sublinhou também a necessidade de o Regulamento Municipal do Arvoredo de Lisboa, que está há muito à espera de ser apreciado na Assembleia Municipal de Lisboa, entrar em vigor. “Faz tanta falta à cidade”, afirmou a esse respeito.

Em resposta, o vereador das Obras Municipais garantiu que “as recomendações da câmara aprovadas, ainda por cima por unanimidade, são para cumprir”. Na interpretação de Manuel Salgado, aquilo que a referida moção dizia era que “deve ser feito um esforço para sempre que possível transplantar e não abater”. Algo que, alega, aconteceu no caso do Campo Grande, junto aos números 35 e 37.

Segundo o autarca, no projecto inicial, “elaborado no mandato anterior” pelo vereador Fernando Nunes da Silva, eram 26 e não 28 “as árvores que estavam em causa”. Dessas, explicou, 15 eram para abater (nove por causa do traçado e seis por questões fitossanitárias) e sete para transplantar.

Manuel Salgado acrescentou que entretanto se procedeu a “uma reformulação do processo” (algo que, assegurou, “não foi de um dia para o outro, foi um trabalho de semanas”) que permitiu “manter praticamente todas as árvores à custa de se perderem lugares de estacionamento”. Agora, assegurou nesta reunião camarária, aquilo que se prevê é que sejam abatidas apenas duas.

De acordo com o vereador, as árvores que iam ser abatidas por questões fitossanitárias já não o vão ser. “Com aspirina e bom tempo pode ser que se mantenham mais tempo, pode ser que se salvem”, disse, acrescentando que “ficaram as árvores em vez dos lugares de estacionamento”.


ines.boaventura@publico.pt

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