quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Resposta ao anúncio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

Resposta ao anúncio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

A Misericórdia de Lisboa fez publicar ontem uma página de publicidade com um “esclarecimento” acerca de uma notícia do PÚBLICO, de sábado, com o título “Projecto da SCML custou um milhão e não originou qualquer emprego”. A Direcção do PÚBLICO refuta as acusações aí feitas e mantém o que foi escrito, chamando a atenção para os erros, contradições e faltas à verdade do texto assinado por um vogal da Mesa da SCML, Ricardo Alves Gomes. Assim, importa sublinhar: 1 — O título “Projecto da SCML custou um milhão e não originou qualquer emprego” corresponde à verdade dos factos apurados pelo PÚBLICO.
O projecto United At Work (UAW) foi orçamentado em mais de um milhão de euros e foi esse o valor candidatado. No âmbito da sua aprovação, a Comissão Europeia afectou 850 mil euros de fundos comunitários a este projecto. O UAW está praticamente concluído desde meados de Julho e terminará formalmente no próximo sábado.
Todas as informações recolhidas pelo PÚBLICO confirmam que até agora não foi criado qualquer posto de trabalho efectivo graças ao UAW, nem a SCML consegue dizer nem provar o contrário.
2 — Diz o anúncio que, à data da publicação do artigo, a Comissão “tinha atribuído à SCML cerca de metade do valor noticiado”. Querendo certamente dizer que até essa data foi pago esse montante, a afirmação em nada contraria o que foi noticiado. Isto, porque o PÚBLICO em parte alguma escreveu quanto é que a Comissão já pagou do total da comparticipação aprovada. E não o faz porque, apesar de o ter perguntado por escrito à SCML em Julho, esta não lhe respondeu até agora.
3 — A afirmação de que o título “pressupõe que o montante atribuído surge na sua totalidade do orçamento da SCML” é falsa. Isso não está nem no título, nem no texto. O que lá está escrito, logo na primeira frase, é que “a Comissão Europeia apostou nela [na ideia do UAW] e apoiou-a com 850 mil euros — 80% do projecto apresentado pela Misericórdia de Lisboa”.
4 — A Misericórdia sustenta que “não teve qualquer custo com o projecto” e que “os 20% de comparticipação da SCML são realizados através da afectação de recursos humanos da instituição”. Ainda que isso signifique que os custos com pessoal da SCML afecto apenas ao apoio administrativo prestado ao UAW — uma vez que os formadores eram externos — totalizaram 215.500 euros em cerca de um ano, nada no artigo se diz quanto aos custos assumidos pela instituição.
5 — O PÚBLICO nunca escreveu que a criação de empregos foi “uma premissa da candidatura da SCML”. Está lá citado o site do UAW, onde se lê que o seu objectivo reside em “testar a validade de uma eventual política pública que promova a criação de empresas constituídas entre jovens e seniores qualificados e desempregados”. Mas é nesse mesmo site, na página “o que é o UAW”, que a SCML, e não o PÚBLICO, escreve que o projecto “promove o empreendedorismo intergeracional para criar mais emprego e novas empresas desenvolvidas em conjunto por jovens e seniores qualificados.
6 — É verdade, e não falso, que a SCML não respondeu às perguntas do PÚBLICO. E é falso que o jornalista se comprometeu a só publicar a notícia depois de ter as respostas da instituição, após 31 de Outubro. O que se passou foi que depois de lhe dirigir 13 perguntas concretas no dia 28 de Julho, recebeu semanas depois a indicação de que as respostas só podiam ser dadas em Setembro. O PÚBLICO entendeu esperar até lá, sendo-lhe depois dito que, afinal, só seria possível responder no início de Outubro. O PÚBLICO esperou mais uma vez e foi depois informado de que, afinal, só haveria respostas depois de 31 de Outubro. Tendo abundante informação disponível, nomeadamente a que consta do site do UAW, não fazia sentido continuar a adiar a publicação até que a SCML entendesse responder. E isso mesmo foi transmitido ao seu assessor de imprensa. Além disso, a SCML diz que o PÚBLICO publicou informação “incompleta e não correspondente à verdade”, mas não aponta um único erro ou, sequer, imprecisão reais.
7 — Por fim, a Misericórdia diz ser “falso” que apenas dois projectos estejam em actividade, afirmando que “vários projectos já iniciaram actividade”. Pena é que não informe concretamente quantos e quais são esses projectos. Ontem à tarde mais uma vez lhe foi perguntado. A resposta foi: “A SCML não tem qualquer comentário a fazer”

in PÚBLICO / 29-10-2015

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