quarta-feira, 22 de julho de 2015

Salgado reconhece que há demasiados alojamentos turísticos nalgumas áreas

Manuel Salgado elegeu a Baixa, coração estratégico da cidade de Lisboa, como palco globalizado de eventos e animação, e área apenas e exclusivamente de residência temporária através de mais de 100 projectos para Hotéis além dos inúmeros Hostels.
A ideia de residir, habitar, Identidade Local, assegurada por famílias, foi completamente posta de parte …
Agora, nos Bairros Históricos essas mesmas famílias, acossadas pela crise disponibilizam as sua casas, que se tornaram inabitáveis a partir de 5a Feira devido à “Animação” de rua, “boteillon” e afins, para aluguer, através de sites como o Airbnb.
Claro que este fenómeno sem planeamento e sem controle em termos de Hotelaria Paralela está já a concorrer já de forma determinante com a Hotelaria Clássica.
Adivinha-se neste conjunto de circunstâncias, inevitávelmente o desastre de saturação do mercado com uma oferta que vai largamente ultrapassar a procura.
Chama-se a isto mau Planeamento Urbanístico, assim como a ausência total de estratégia e planeamento na área do Urbanismo Comercial, tem vindo a provocar o desaparecimento de vários estabelecimentos Tradicionais que garantem a Identidade de Lisboa como Cidade Autêntica e não como palco /Globalizado de eventos e “Happenings”.
António Sérgio Rosa de Carvalho
OVOODOCORVO
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Salgado reconhece que há demasiados alojamentos turísticos nalgumas áreas

O vereador do Planeamento adianta que a câmara está a fazer uma avaliação do impacto do turismo na cidade, a concluir até ao fim do ano. O PSD teme “um novo êxodo de lisboetas para fora da cidade”

O vereador do Planeamento e Urbanismo da Câmara de Lisboa afirma que “a sustentabilidade do território face ao turismo é um tema que nos deve preocupar a todos” e reconhece que há hoje “um problema por concentração excessiva” de alojamentos turísticos em áreas como a BaixaChiado e os bairros históricos.

Inês Boaventura / 27-7-2015 / PÚBLICO

Vereador admitiu que há concentração excessiva de alojamentos na Baixa-Chiado e os bairros históricos
Manuel Salgado falava na Assembleia Municipal de ontem, onde foi questionado sobre o assunto pelo PSD. Na ocasião, o vereador sublinhou que “é preciso ter em conta o impacto que o turismo tem na base económica de Lisboa”, nomeadamente na criação de emprego e na reabilitação do edificado, mas reconheceu a necessidade de se fazer “uma reflexão” em torno deste tema. O autarca aproveitou para clarificar que em relação à oferta de alojamento para turistas nem tudo depende da câmara, sendo a sua “capacidade de intervenção” diferente consoante as situações. “A hotelaria é licenciada pelo município mas o alojamento local não é”, frisou, notando que a última dessas componentes “teve um crescimento exponencial” nos últimos cinco anos.
“Se temos problemas é essencialmente pela concentração excessiva [de alojamentos turísticos] em determinadas áreas”, defendeu ainda Manuel Salgado, apontando a esse título os casos da Baixa-Chiado, dos bairros históricos, de Belém e do Parque das Nações. Ainda assim, o vereador considerou que Lisboa está muito longe de Barcelona, cidade que recentemente suspendeu por um ano a concessão de licenças para a construção de hotéis e outras actividades turísticas. Segundo Manuel Salgado, registam-se na capital da Catalunha 17,4 milhões de dormidas por ano, enquanto em Lisboa esse valor se fica pelos 8,4 milhões, o que representa uma diferença “abissal”. Além disso, disse, Barcelona está em 5.º lugar “no ranking das cidades europeias”, enquanto a capital portuguesa se encontra na 16.ª posição.
O vereador do Planeamento concluiu que a questão da sustentabilidade do território face ao turismo “é um problema real”, mas que deve ser olhado “em todas as suas dimensões e não apenas na do incómodo que à primeira vista possa criar”. Nesse sentido, adiantou, o município está a preparar um relatório que deverá estar concluído “até ao final do ano”, que procurará fazer “uma avaliação do impacto do turismo em Lisboa”. O PSD, que foi quem levou para o debate “o exemplo” de Barcelona, não concorda com a perspectiva de Manuel Salgado. Para Vasco Morgado, presidente da Junta de Freguesia de Santo António, a proliferação de alojamentos turísticos na cidade pode mesmo levar a “um novo êxodo de lisboetas para fora da cidade”, possibilidade que o município deve trabalhar para “evitar”.
“Os lisboetas da zona histórica sentem-se como danos colaterais”, avisou o autarca do PSD. Também a sua colega de bancada Margarida Saavedra manifestou preocupações com o assunto, sublinhando que “o turismo deve ser uma oportunidade e um agente de reabilitação, contudo pode transformar-se num ónus, quando tem impactos negativos sobre a qualidade de vida”. A deputada notou que no último ano as dormidas em Lisboa “dispararam” 15,4%, frisando que “a câmara licencia grande parte dos estabelecimentos” onde os turistas pernoitam. A Salgado, Saavedra aproveitou para perguntar qual foi o número de m2 que o município aprovou, nos últimos quatro anos, para hotéis e habitação. O autarca reagiu dizendo que não tinha uma resposta “na manga”, mas prometeu que lhe faria chegar esses dados.

Também sem resposta ficaram as perguntas feitas por Diogo Moura, do CDS, e por Carlos Silva Santos, do PCP, sobre o há muito prometido regulamento municipal para os Na ausência de Fernando Medina, o seu número dois, Duarte Cordeiro, disse que “o presidente tomou deliberações que serão conhecidas em breve”, com o objectivo de “pôr ordem na situação”. Quanto às dúvidas levantadas pelo BE sobre a legalidade da Taxa Municipal Turística, o vereador das Finanças garantiu ter “grande segurança” na forma como ela foi definida e nas suas regras de aplicação. João Paulo Saraiva disse ainda que não aceitaria que esta taxa ou qualquer outra estivessem “permanentemente a ser questionadas” já depois de aprovadas pela câmara e pela assembleia municipal.

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