domingo, 14 de junho de 2015

CHINAGATE ...


Há seis mil lojas chinesas em Portugal. E estão a mudar
Conhecidas pela oferta de produtos baratos com baixa qualidade, a concorrência e a crise levou os negociantes chineses a apostar em lojas mais sofisticadas.
Graças à crise que moderou o consumo, o número de ‘lojas do chinês’ em Portugal está a diminuir, mas ainda há cerca de seis mil estabelecimentos em todo o país, disse Man Hin Choi, decano da comunidade chinesa em Portugal.
Em entrevista ao Expresso, Man Hin Choi revela que os principais negócios da comunidade chinesa continuam a ser as lojas e os restaurantes, mas já se encontram outros serviços como advocacia, agências de viagens, contabilidade e imobiliário, parte deles alavancados pelos vistos gold.
A grande mudança no paradigma das tradicionais lojas do chinês é, no entanto, a emergência de grandes armazéns, com apresentação mais cuidada, produtos mais caros e de maior qualidade. Passam recibo e até já contratam trabalhadores fora da estrutura familiar habitual nestes negócios.
“A concorrência entre lojas chinesas é muito forte e os donos perceberam que tinha de evoluir”, explicou ao mesmo jornal o presidente da Liga dos Chineses, Y Ping Chow.

10:00 - 13 de Junho de 2015 | Por Notícias Ao Minuto
OPINIÃO

A cabeça da serpente e o rabo do boi
ANTÓNIO SÉRGIO ROSA DE CARVALHO 14/12/2014 – PÚBLICO / http://www.publico.pt/portugal/noticia/a-cabeca-da-serpente-e-o-rabo-do-boi-1679314

Será que Portugal se tornou já na “porta dos fundos” da Europa?

Repentinamente e finalmente aconteceu. No contexto da longa batalha que os moradores dos bairros históricos travam contra o ruído e anarquia da “animação” nocturna estimulada e licenciada pelo “zé”, finalmente, veio o anúncio da futura proibição nocturna de venda de bebidas alcoólicas, depois das 22 horas.

Isto leva-nos de imediato ao debate desenvolvido por Raquel Varela no contexto da entrevista de Y Ping Chow em nome da comunidade chinesa, onde a professora se refere não apenas às Lojas Chinesas, mas também às mercearias asiáticas.

Chow, sem hesitações, define de imediato a sua comunidade não como um grupo, um povo, mas como uma raça empreendedora, isto em contraste com as características hesitantes, passivas ou mesmo indolentes dos portugueses.

Para isto, e na melhor tradição da simbologia chinesa, ele remata que esta raça “prefere ser a cabeça da cobra a ser o rabo do boi”.

Cada vez que a questão da invasão saturante das lojas chinesas e a questão da qualidade dos seus produtos é levantada, de imediato neutraliza-se de forma inibidora o ritmo e a natural capacidade de discernimento do evidente, com o argumento da etnicidade.

Recusa-se a discussão do facto que a estratégia do Urbanismo Comercial da Câmara Municipal de Lisboa tem sido inexistente, que estas lojas usufruem de isenção fiscal por cinco anos, que não estão sujeitas a horários de trabalho nem a visitas de Inspecção de Trabalho. Que são entrepostos de escoamento de produtos inferiores, produzidos em verdadeira escravatura e agências estratégicas de obtenção de divisas.

As cíclicas mudanças de ramo ou de local, mantêm as isenções fiscais.

Ora, muito recentemente fomos confrontados com um escândalo nas chefias do Estado, difícil ainda de definir, mas fácil de classificar, como Imoralidade, na sua forma encoberta e indirecta de atribuição de um preço para o direito de circulação no espaço Schengen, e para a nacionalidade portuguesa.

Segundo o próprio Chow, andamos portanto a dormir, e esta impressão é confirmada na recente entrevista de Miguel Neves no PÚBLICO, que afirma: “A Europa está passivamente a olhar para o investimento chinês. É claro que este dá um contributo no imediato, é capital que entra e permite ajudar o financiamento de algumas grandes empresas, mas, a prazo, tem outras consequências que não estão a ser antecipadas, nem há uma estratégia de resposta.”

E aqui não se trata apenas da EDP e REN, ou de exemplos da Fidelidade ou a ES Saúde, mas trata-se de uma estratégia concertada onde o crescente interesse da China na Plataforma Atlântica Portuguesa (Açores), nos seus recursos naturais, tanto ao nível dos subsolos como das pescas, além da importante plataforma estratégica das Lajes.

A China no seu expansionismo tornou-se no campeão da globalização. Mas o seu conceito de concorrência não é baseado numa sociedade aberta, mas num capitalismo de Estado, totalmente controlador e intervencionista, enquanto o nosso está determinado pela liberdade e por direitos individuais, tanto nas ideias como na organização do trabalho e justiça, fundamentais, e adquiridos com muito esforço e luta.

Será que Portugal na sua profunda e omnipresente crise, na sua desesperada necessidade de dinheiro, no seu atordoamento passivo e letargia, se tornou já na “porta dos fundos” de fácil penetração, na fortemente fragilizada, mas ainda, mais do que atractiva Europa?

E, entretanto, entre as brumas, nas neblinas da impotência, os ressentimentos indefiníveis crescem e amontoam-se... e o fio condutor explosivo e irracional do populismo espera, aguardando a sua oportunidade.

Historiador de Arquitectura

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