quinta-feira, 12 de março de 2015

Divergência de rumos entre BCE e Fed aproxima euro da paridade com dólar / Why printing money won't work for Europe


Divergência de rumos entre BCE e Fed aproxima euro da paridade com dólar
SÉRGIO ANÍBAL 11/03/2015 - PÚBLICO

Na zona euro, o banco central pôs as máquinas de imprimir dinheiro a funcionar a alta velocidade. Nos EUA, a Reserva Federal prepara-se para tornar o dinheiro mais caro. O resultado é um euro a valer pouco mais de 1,05 dólares

Os impactos da política de compra de 60 mil milhões de euros de activos por mês iniciada pelo BCE na segunda-feira continuam a fazer-se sentir de forma clara na zona euro. Os títulos de dívida pública da generalidade dos países continuam a ver as suas taxas a caírem e o euro continua a depreciar-se atingindo o valor mais baixo dos últimos 12 anos face ao dólar.

Nesta quarta-feira, os mercados obrigacionistas acentuaram a tendência das últimas semanas de queda das taxas de juro da dívida pública europeia. Os bancos centrais do Eurosistema, no cumprimento da estratégia delineada pelo Banco Central Europeu (BCE), têm estado desde segunda-feira a comprar quantidades significativas de dívida pública dos diversos Estados da zona euro. Este aumento acentuado da procura tem como efeito natural uma subida do valor desses títulos, a que corresponde uma descida das taxas de juro implícitas que se praticam nos mercados.

Na Alemanha, a taxas de juro da dívida a dez anos está já nos 0,21%. Com a dívida a cinco anos já em terreno negativo, começa a colocar-se a hipótese de, num cenário absolutamente inédito, a Alemanha passar a ser paga pelos investidores para obter dinheiro emprestado a um prazo de dez anos.

As taxas de juro que têm vindo a cair mais são as dos países periféricos. Nesta quarta-feira desceram na primeira metade da sessão a um ritmo elevado, para depois recuperarem parcialmente. Em Portugal, a taxa de juro da dívida a dez anos está nos 1,620%, um pouco acima dos 1,157% de Espanha e dos 1,135% de Itália.

A dívida portuguesa está a ser, como a dívida dos outros países da zona euro excepto a Grécia, alvo de aquisições por parte do Eurosistema, neste caso por intermédio do Banco de Portugal.

Mas para além da descida dos juros da dívida pública, o maior impacto do programa de compra de activos do BCE está a sentir-se na cotação do euro nos mercados internacionais. A divisa europeia caiu mais 1% face à sua congénere norte-americana durante esta quarta-feira, valendo agora pouco mais do que 1,05 dólares. Este valor já é 12% mais baixo do que o registado no início do ano, depois de uma queda de 15% no decorrer de 2014.

E por isso, o impensável há poucos meses começa agora a ser uma previsão bastante generalizada de vários bancos de investimento: o euro pode chegar à paridade com o dólar (um euro a valer um dólar) até ao final deste ano. No final de 2014, quando o Financial Times perguntou a 32 economistas europeus se a paridade seria possível no decorrer do presente ano, 31 responderam que não. Nas últimas semanas, são vários os bancos a reverem a sua previsão.

Isso acontece, não só pela dimensão da queda do euro face ao dólar registada nos primeiros meses de 2015, mas também porque as condições para uma continuada depreciação da divisa europeia se mantém.

Em particular, o que está a fazer descer o euro e a fazer subir o dólar são os rumos opostos que estão a seguir as políticas monetárias nas duas maiores economias do planeta. Na zona euro, o BCE está agora a imprimir dinheiro a grande velocidade, injectando por mês mais 60 mil milhões de euros nos mercados. Nos EUA, depois de se ter dado por concluído o programa de compra de activos, espera-se a todo o momento que a Reserva Federal sinalize o início de uma subida das taxas de juro, que desde 2008 estão coladas a zero.


Nesta quarta-feira, numa entrevista ao Financial Times, o presidente da Reserva Federal de St Louis, James Bullard, assumiu que uma subida de taxas está no horizonte e disse que, embora haja o reconhecimento dos impactos sofridos pelas empresas exportadoras norte-americanas com uma apreciação tão forte do dólar (não só face ao euro) a Fed “irá deixar a taxa de câmbio ir até onde precisa de ir para equilibrar os mercados internacionais”.


Why printing money won't work for Europe
The sums involved are only a fraction of those spent elsewhere – and it’s all too late, anyway

All of a sudden, the wonders of unconventional monetary activism are back in the spotlight, with Mario Draghi, president of the European Central Bank, cast in the role of knight in shining armour, riding to the rescue of the beleaguered eurozone.
Only one thing is certain about the apparently open-ended programme of quantitative easing promised yesterday after months of ECB infighting; though quite a bit more ambitious than expected, in itself it won’t do the job, or anything close.
This is not to argue that Mr Draghi’s latest assault on Europe’s never ending slump is worthless. Without it, the eurozone would no doubt be in an even worse place. Nor is it to argue that there will again be no economic growth in Europe this year. All economies, however broken, will eventually rebound to some degree, if only in the manner of what stock market pundits sometimes call a “dead cat bounce”.
Even so, the impact of this latest bout of money printing is unlikely to be any more than marginal. If it were to be done at all, it should have been done ages ago. For a long time now, the ECB has fallen woefully short of meeting its mandated inflation target. Coming so late in the day, the ECB’s contortions look both unconvincing and desperate. They are indeed typical of the European condition – a seemingly permanent state of grudging incrementalism and denial.
Ever since the financial crisis first erupted six years ago, Western economies have leant heavily on their central banks to dig them out of the mess they are in. They have become the world’s de-facto growth strategy.
Interest rates have been slashed to zero and the system has been flooded with newly printed money. There is nothing wrong with monetary activism as such, but to believe it a panacea is to descend into fantasy, and it has now almost certainly reached the limits of its usefulness.
Real interest rates are already deep in negative territory, and still they don’t seem to have solved the demand problem. Short of “helicopter drops” of free money, a policy which would amount to outright debasement of the coinage, there is little more monetary policy can do.
With everyone now at it – in the hope of stealing a little bit of demand from the guy next door – race-to-the-bottom, competitive currency devaluation has become a zero sum game that intuitively we all know is likely to end badly.
In any case, German aversion to use of the central bank printing press means that the Eurozone has been slow to join the party, and may already have missed the boat. The statistics on this are quite startling. In the US, there has been $3.8 trillion of QE, a sum equivalent to 25 per cent of annual GDP. Relative to output, it’s been roughly the same for the UK, while the equivalent number for Japan is an astonishing 36 per cent of GDP.
For the eurozone, it’s a tiny 3 per cent. Even after yesterday’s promise has been exhausted, the eurozone will still be left trailing at little more than 10 per cent. Magnitude aside, there are lots of other reasons for believing that coming so late in the day, eurozone QE will have less impact than in the US and Britain.
In both these latter cases, QE contained a large element of surprise, and what’s more, it was launched in the depths of the financial crisis, when it was instrumental in stemming the panic. Subsequent doses seem to have had far less traction.
If one of the purposes of QE is the assumed extra demand that comes from currency devaluation, then again it’s not clear it will do a great deal of good. Britain gained virtually nothing in terms of net trade from the 25 per cent devaluation in the pound that followed the financial crisis. Dollar weakness likewise failed to have much of an impact on the US, where other factors, such as low-cost energy from the shale revolution, have played a much bigger role in turning the economy around.
Belief that the fast devaluing euro will provide both a life-saving boost to European exports and a surge in free spending tourism is similarly just wishful thinking. External demand will not solve Europe’s economic ills, nor will a few more American tourists. And it’s most unlikely that more Germans will holiday in Greece, Spain and Italy this year simply because of the weak euro. They share the same currency these days, or did no one notice. This is rather the nature of the problem. The market-based adjustment mechanism that free-floating currencies provide has been lobotomised in Europe in the name of sovereign integration.
The trouble is that having decided on a common currency, Europe has failed to develop the collective approach to fiscal policy needed to make it work. Crisis has been almost deliberately courted in the hope of driving structural and fiscal reform, but it has only succeeded in giving voice to radical populists, from Greece’s Syriza to Spain’s Podemos. Not since the break up of Yugoslavia has Europe looked so dangerously unstable.

Into this quagmire stumbles the European Central Bank, with a belated copycat version of what’s already been tried in the US, Britain and Japan. There’s no one else to step up to the plate, so we can only wish Mr Draghi luck. He must surely know, however, that it scarcely amounts to a solution.

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