domingo, 22 de fevereiro de 2015

Maria Luís diz que não sugeriu mudanças no acordo, jornal diz que pressionou Schäuble


"Mas, de acordo com o Die Welt,  que cita fontes bem informadas, Maria Luís Albuquerque terá "pedido pessoalmente" a   Schäuble para "se manter duro" nas negociações com a Grécia que, na sexta-feira, acabou por conseguir um entendimento para a extensão do acordo por quatro meses."


Maria Luís diz que não sugeriu mudanças no acordo, jornal diz que pressionou Schäuble

Lusa e PÚBLICO
21/02/2015 - 22:02

(actualizado às 13:05 de 22/02/2015)

"O Governo português esteve mais preocupado em impor austeridade aos gregos do que a perceber que uma negociação positiva para os gregos seria também positiva para Portugal e para a Europa", critica socialista João Galamba.
O deputado socialista João Galamba criticou neste domingo a postura da ministra das Finanças durante as negociações com a Grécia, considerando que o Governo português esteve mais interessado em defender as suas políticas de austeridade do que o interesse nacional, depois de o jornal alemão Die Welt ter noticiado que Maria Luís Albuquerque pediu ao homólogo alemão, Wolfgang Schäuble, para ser firme nas negociações com Atenas.

A ministra das Finanças disse, no sábado à noite, em declarações à TVI que não sugeriu alterações ao acordo do Eurogrupo com a Grécia, e que colocou apenas questões relacionados com procedimentos, depois de na Grécia terem surgido rumores que Portugal e Espanha dificultaram o acordo.
“Não sugeri a alteração de uma única vírgula”, disse a ministra numa entrevista ao Jornal das 8 da TVI. O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, tinha-se escusado a comentar a situação por "boas maneiras". "Os ministros das Finanças português e espanhol são meus colegas, e eu percebo que têm as suas próprias prioridades políticas. Foram motivados por essas prioridades políticas e eu respeito isso", declarou.

“Não sei por que o ministro das Finanças terá dito isso”, insistiu Maria Luís Albuquerque, afirmando ter colocado apenas questões de procedimentos.

Mas, de acordo com o Die Welt,  que cita fontes bem informadas, Maria Luís Albuquerque terá "pedido pessoalmente" a   Schäuble para "se manter duro" nas negociações com a Grécia que, na sexta-feira, acabou por conseguir um entendimento para a extensão do acordo por quatro meses.
"O Governo português, em vez de defender o interesse nacional e o interesse da Europa, esteve mais preocupado em defender os seus próprios interesses e o seu próprio discurso dos últimos três anos. Quem perdeu com isso foi o povo português", afirmou aos jornalistas o deputado do PS João Galamba neste domingo, reagindo às palavras da ministra e à notícia do jornal alemão.

"O Governo português esteve durante todo este processo de negociações com a Grécia mais preocupado em impor austeridade aos gregos do que a perceber que uma negociação positiva para os gregos seria também positiva para Portugal e para a Europa", afirmou ainda o socialista.

As declarações de Maria Luís Alburquerque foram uma tentativa de "apagar esta imagem", afirmou. "Mas as justificações da ministra não colhem, porque já são demasiadas descrições do que se passou na reunião do Eurogrupo e demasiadas descrições do que foi o comportamento do Governo português nas últimas semanas para que Maria Luís Albuquerque, dê as entrevistas que der, faça as declarações que fizer, possa apagar essa imagem".
A ministra das Finanças tinha salientado no sábado que “o Governo português esteve sempre do lado dos 18 estados-membros do Eurogrupo” que propuseram o acordo. Estranhou as críticas de colagem à Alemanha, e mostrou-se “feliz” por terem sido 19 a subscrever o documento, que contou também com a concordância da Grécia.

“A minha intervenção foi no sentido de ser seguido o procedimento habitual”, nomeadamente que a troika reporte ao Eurogrupo a avaliação das medidas da Grécia, disse a ministra portuguesa à TVI. “A questão que coloquei tem a ver com o procedimento no sentido de ser seguido o procedimento habitual que é a troika, depois de avaliar as medidas, reportar aos elementos do Eurogrupo, explicando qual foi a sua avaliação”, acrescentou.

“Também podemos dizer que estamos colados às posições do Chipre ou da Estónia”, comentou, sublinhando ainda que não se considera "aluna, mas sim colega" de Schäuble, o seu homólogo alemão.

Maria Luís Albuquerque sublinhou que todos ganharam com o acordo “em particular a Grécia” e acrescentou que não faria sentido adoptar a flexibilização proposta para a Grécia em Portugal, pois esta faz parte de um programa que Portugal acabou há quase um ano. “Não faz sentido pensar nos mesmos termos, a situação de Portugal é distinta da Grécia”, vincou.

O Governo grego tem de enviar até segunda-feira uma lista de medidas à troika. Só se a avaliação for positiva se poderá dar início aos procedimentos parlamentares exigidos por alguns países para aprovar a extensão do programa.

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