segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

"Os Facilitadores" / VÍDEO em baixo / Ver esclarecimento em cima.


Gustavo Sampaio regressa com «Os Facilitadores»
15-09-2014 às 13:470 / Diário Digital / http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=729828

A Esfera dos Livros publica no dia 19 de setembro «Os Facilitadores», o segundo livro de Gustavo Sampaio, autor do bestseller «Os Privilegiados».
«Ajustes directos, contratos swap, PPP (nos sectores da saúde, educação, águas, resíduos, vias rodoviárias e ferroviárias, etc.), privatizações de empresas públicas, concessões e subconcessões, contratos de exploração a meio século, auto-estradas com portagens virtuais, rendas excessivas no sector energético, mais-valias decorrentes da venda de gás natural não partilhadas com os consumidores, aumentos das taxas nos aeroportos nacionais, direitos adquiridos sobre pontes e aeroportos que ainda não foram construídos, indemnizações devidas por causa de projectos adiados, ou mudanças de sede fiscal para a Holanda ou para a Zona Franca da Madeira...
Quase todos estes contratos, negócios e direitos adquiridos foram assessorados, intermediados, aconselhados, estruturados, facilitados pelas principais sociedades de advogados que operam em Portugal. As que mais facturam. Quer do lado do Estado, em representação do interesse público, quer do lado do sector privado, defendendo os interesses empresariais dos respectivos clientes. Ou em ambos os lados, muitas vezes em simultâneo, por entre indícios de conflitos de interesses.
O jornalista Gustavo Sampaio, autor do bestseller "Os Privilegiados", apresenta uma investigação jornalística rigorosa e inédita que, pela primeira vez, revela e sistematiza as listas de clientes das maiores sociedades de advogados, as interligações políticas e empresariais (desde o recrutamento de ex-políticos ou políticos no activo até à acumulação de cargos de administração em grandes empresas), as participações no âmbito da produção legislativa ou da actividade regulatória, entre outros elementos.

Este trabalho de investigação, a compilação de factos e o cruzamento de dados compõem um retrato impressionante sobre a triangulação de interesses entre o poder político, o mundo empresarial e os consórcios de advocacia, desafiando o leitor através de um conjunto de questões, nomeadamente:
- As sociedades de advogados são uma peça essencial no mecanismo de aparente captura do poder político pelo poder económico e financeiro?
- Além de assessorarem e facilitarem, as sociedades de advogados também acabam por - de algum modo - incitar, promover, influenciar ou pressionar para que todos estes contratos e negócios se concretizem?
- Será legítimo - ou recomendável - que as mesmas sociedades de advogados participem tanto na negociação como na renegociação, ou seja, tanto na blindagem como na posterior desblindagem desses contratos e negócios, ora do lado do Estado ora do lado do sector privado?»

1 de Novembro de 2014, 10:52
Por Francisco Louçã 
“Os Facilitadores”, de Gustavo Sampaio

Na sequência do seu “Os Privilegiados”, o jornalista de investigação Gustavo Sampaio publicou agora “Os Facilitadores”, dedicado aos grandes escritórios de advogados. Num livro anterior que escrevi com João Teixeira Lopes e Jorge Costa, “Os Burgueses” (2014, Bertrand), incluímos um capítulo sobre a ligação entre ex-governantes e esses escritórios, mas Sampaio vai muito mais longe, porque procura identificar as carreiras dos principais advogados e suas ligações, tivessem ou não sido governantes.

O retrato é impressionante e a galeria de personagens não é menos: Passos Coelho (que na Tecnoforma “abria as portas todas”, pgs.94–97), Marques Mendes (que criticou os contratos swap, mas é parte de uma sociedade de advogados especializada nos mesmos contratos swap, pg.85), António Vitorino (de que é lembrado o seu papel nas negociações com os italianos da ENI sobre GALP, quando da venda por iniciativa de Pina Moura, pg.147), Paulo Rangel (pg.142) e tantos outros.

A tese do livro é esta: estes escritórios são peças fundamentais da engrenagem das privatizações, das parcerias público-privado, dos grandes concursos, da produção legislativa e, portanto, do poder de facto.

Para o demonstrar, Sampaio percorre as listas de responsáveis dos principais escritórios e verifica o seu trabalho e os seus clientes. Encontra ligações saborosas, como a de Sérvulo Correia e Associados que, sendo recordista em ajustes directos do Estado, preparou o Código dos Contratos Públicos, que define as regras dos ajustes directos (pg.277). Ou personalidades fascinantes, como a de Proença de Carvalho (pg.290), advogado de Champalimaud, ministro da comunicação social, director de campanha de Freitas do Amaral, mandatário de Cavaco Silva, advogado de José Sócrates, homem providencial que procurou restabelecer as pontes entre Ricardo Salgado e José Eduardo dos Santos, advogado da Camargo Correa na compra da Cimpor, intermediário de António Mosquito na compra da Controlinveste (DN, JN, TSF, etc.) e agora conselheiro da Altice para a compra da PT.

A história da nossa República é incompreensível sem se conhecer o papel destes senadores, “facilitadores” e grandes advogados, que determinam a viabilidade de negócios que decidem o futuro. Este livro é por isso um roteiro para perceber o presente desse futuro.

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