quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Turismo de Portugal prepara venda das pousadas


Turismo de Portugal prepara venda das pousadas
O Turismo de Portugal está a avaliar a venda dos 51% que detém na Empresa Nacional de Turismo (ENATUR), entidade que concessiona as Pousadas de Portugal e onde o grupo Pestana possui os restantes 49%.
Ana Serafim  | 25/11/2014 / SOL online

A 31 de Outubro, o instituto público presidido por João Cotrim Figueiredo contratou a sociedade de advogados A.M. Pereira, Saragga Leal, Oliveira Martins, Júdice e Associados como assessora jurídica do processo.

Esta contratação, por ajuste directo e por um valor máximo de 74.950 euros mais IVA, visa “assegurar os serviços especializados de assessoria jurídica destinados a avaliar a possibilidade e os termos da alienação da participação que o Turismo de Portugal, I.P. detém no capital social da ENATUR - Empresa Nacional de Turismo, SA”, lê-se no contrato.

Com um prazo de execução de quatro meses e 30 dias, os serviços contratados incluem o “aconselhamento relativamente à definição e estratégia adequada ao modelo de privatização” e a “apresentação de propostas e soluções para reforçar a atractividade da venda”.

Questionado pelo SOL sobre a privatização, o Turismo de Portugal respondeu que “o processo continua em fase de avaliação pelo que não é oportuno acrescentar novos elementos”.

Em Setembro, João Cotrim Figueiredo assumia ao Jornal de Negócios “ver com a maior das naturalidades” a venda da posição na ENATUR se esta solução beneficiasse o turismo. “Se não for tomada uma decisão no que toca à ENATUR no espaço de três meses, acho que pode ficar tarde. Temos noção da janela de oportunidade. Se não aproveitarmos, podemos não ter outra ocasião”, acrescentava.

Caso a venda avance, o Grupo Pestana poderá surgir como o comprador mais bem posicionado. Além de ser dono de 49% da ENATUR desde 2003 e gerir a rede de pousadas, o maior grupo hoteleiro português tem direito de preferência numa eventual alienação. E já manifestou interesse em ficar com a totalidade do capital. “Estamos interessados em analisar”, avançava ao SOL, em Julho do ano passado, o presidente da Pestana Pousadas, José Castelão Costa, revelando que essa intenção já tinha sido indicada à tutela.

“É um processo que, até agora, o Governo tem demonstrado interesse em resolver, até porque estava no seu ADN não ter empresas públicas”, frisava. Mas lembrava também que o processo poderia ser “difícil” porque nem todos os imóveis onde as pousadas estão instaladas são da ENATUR. Alguns pertencem a fundações ou a privados, que terão de ser ouvidos.

Na semana passada, o administrador do grupo Pestana, José Theotónio, reiterou a posição. “Temos uma concessão até 2023. Se o Estado disser que quer vender, vamos estar interessados. Mas também dependerá dos valores e das condições”, afirmou ao SOL, à margem da apresentação do novo plano estratégico para a rede de 35 pousadas. O gestor admitiu, porém, que não há conversações com a tutela sobre o tema, sublinhando que o Orçamento do Estado para 2015 nada refere quanto à venda da ENATUR.

Pousadas reposicionam-se para duplicar resultados

Com o novo plano estratégico, o objectivo do grupo é duplicar os resultados operacionais das Pousadas até 2018 - dos três milhões de euros previstos este ano para seis milhões.

Para tal, até ao final de 2015 planeia investir 13,5 milhões de euros. Nove milhões serão dedicados à nova pousada de Lisboa, no Terreiro do Paço, que terá cerca de 90 quartos e deverá inaugurar em Junho. Haverá ainda 3,5 milhões para remodelar unidades. E outros 400 mil euros vão para um programa de divulgação da marca e do novo posicionamento da oferta. Este ano, as vendas da rede estão a crescer 10%.

Foto: Pousada da Serra da Estrela é a mais recente - abriu em Abril


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