domingo, 23 de novembro de 2014

Raquel Varela / Facebook / Caso Sócrates.




“Um largo número de comentadores e pessoas com exposição pública estão a transformar um alegado caso de corrupção do ex primeiro-ministro de Portugal num debate sobre a justiça. O que diz muito sobre a relação das pessoas com o poder - com o poder que acham que vai estar nas mãos do PS. Mais assustador do que prender um ex primeiro-ministro com a televisão às costas - o que é errado - é ver a relação que as pessoas têm com o poder e de como estão dispostas a usar todo o tipo de argumentos para salvar politicamente um partido, o PS, que está a caminho do poder. Pertenço aos que acham que o PS destruiu este país com medidas legais e que consistem em anos e anos de usar o orçamento público para negócios privados (na Banca, na erosão salarial, nas PPPs, na Parque Escolar...). O mesmo Sócrates que, só para pegar um exemplo, entre literalmente centenas, pelos legalíssimos Orçamentos de Estado, deu de uma só vez 2 mil milhões de euros de benefícios fiscais às grandes empresas, e da outra retirou o abono de família aos que ganhavam mais de...628 euros por mês. Também faço parte dos que pensam que com os partidos que temos, os do Governo e os da pálida oposição, nada vai mudar. Não porque são todos iguais, são todos diferentes aliás, mas porque têm em comum um pacto de regime com uma democracia representativa que deixou de representar a larga maioria da população, que devia ser mobilizada, por estes mesmos partidos, para formas de democracia directa nos locais de trabalho, moradia, nos serviços públicos - a politica ou é a arte de todos se envolverem na vida politica ou é a profissionalização de uma casta de gente sem imaginação. Ainda assim não defendo uma TV em cima de um detido mas neste momento acho muito mais importante não usar isso para ocultar a vergonha infindável que é a gestão dos dinheiros públicos neste país, e acho ainda mais importante lembrar que este taticismo mostra que há muita gente que não quer mudar de política - quer mudar de partido no Governo.”

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