terça-feira, 21 de outubro de 2014

Soares dos Santos: "Detesto investimentos chineses. Não trazem coisíssima nenhuma". Chineses investiram 9.500 milhões nas empresas portuguesas.

"Não me venham falar de investimentos. E já agora deixe-me dizer-lhe que detesto investimentos chineses. Não trazem ‘management’ nem ‘know how’, não trazem coisíssima nenhuma", criticou.

Soares dos Santos: "Detesto investimentos chineses. Não trazem coisíssima nenhuma"
21 Outubro 2014, 13:27 por Rita Faria | afaria@negocios.pt
O antigo líder da Jerónimo Martins voltou ainda a insistir que, em Portugal, é preciso "acabar com a história" de que um salário de 5 mil euros é milionário. "Por amor de Deus, vamos lá a acabar com isto", pediu.
Alexandre Soares dos Santos defendeu, esta terça-feira, a necessidade de estabelecer um acordo entre os vários partidos para que Portugal tenha um plano de médio prazo.

"O Presidente da República tem de definir um plano a médio prazo com os partidos. Isso já foi feito na Holanda e o acordo político foi cumprido rigorosamente", explicou o antigo líder da Jerónimo Martins na conferência Portugal em Exame, realizada esta manhã em Lisboa. "Nós andamos permanentemente a mudar. A clientela política tem de desaparecer".

Soares dos Santos considera que essa ausência de um debate alargado se prende com o facto de os portugueses serem "extremamente individualistas". "E muito difícil pôr os portugueses a trabalhar em equipa. Tem de se estabelecer um debate. As universidades continuam a ser instituições fechadas sobre si mesmas. Temos de deixar de ser uma aldeia em que vivemos todos na mesma rua", acrescentou.

O antigo líder da Jerónimo Martins não poupou críticas ao estado do país, defendo a necessidade de uma mudança de mentalidades.

"Não me venham falar de investimentos. E já agora deixe-me dizer-lhe que detesto investimentos chineses. Não trazem ‘management’ nem ‘know how’, não trazem coisíssima nenhuma", criticou.

O Governo também não escapou as críticas do empresário. "Querem que os jovens portugueses fiquem cá com a actual política fiscal?"

"E a política de remuneração do Estado? O que se paga a um reitor e aos professores é uma vergonha. Temos de acabar com a história de que um salário de 5 mil euros é milionário. Por amor de Deus. Vamos lá a acabar com isto", incitou.


Chineses investiram 9.500 milhões nas empresas portuguesas
 ANA SUSPIRO / 21/10/2014, 18:30 / OBSERVADOR
Investimento chinês não se limita ao mercado nacional, mas estende-se às operações internacionais de empresas portuguesas como a Galp e a EDP. E não vai ficar por aqui.

Os investimentos chineses em grandes empresas portuguesas atingiram já 9.500 milhões de euros e não vão ficar por aqui. A energia foi até agora o principal destino do capital made in China, representando operações de oito mil milhões de euros, mas o investimento já se estendeu ao setor financeiro e à saúde. Durante os anos da troika, a China tornou-se num dos mais importantes investidores estrangeiro em Portugal.

Mas nem todos recebem de braços abertos o capital chinês. Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente da Jerónimo Martins (JM), declarou nesta terça-feira que detesta o investimento chinês porque não traz “coisíssima nenhuma, nem know-how, nem sequer management“. Esta posição contrasta com o discurso oficial. O presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, defendeu hoje em Macau a “disponibilidade de Portugal para poder ser a porta de ligação com os restantes países da CPLP [Comunidade dos País de Língua Portuguesa].

“Temos uma posição privilegiada, somos um país da União Europeia, isso faz com que a nossa posição seja muito interessante. Portugal pode e deve ser utilizado para este fim”, sublinhou. Nesta viagem à China, Miguel Frasquilho esteve já em Hong Kong, para um encontro com potenciais investidores de onde levou “bons indícios”.

Petróleo no Brasil e renováveis

A par das aquisições mais visíveis realizadas nas privatizações da EDP e da REN (Redes Energéticas Nacionais), há que somar as operações realizadas em filiais internacionais de empresas portuguesas. O maior investimento, avaliado à data num encaixe de quase quatro mil milhões de euros, foi a venda, através de aumento de capital, de 30% do capital da Galp Brasil à Sinopec. Esta operação foi realizada em 2012 com o objetivo de obter fundos para financiar os elevados investimentos da Galp na exploração de petróleo na costa brasileira.

Depois de comprar 21,35% da EDP, a China Three Gorges tem vindo a adquirir participações minoritárias nas operações da EDP Renováveis, dentro e fora de Portugal. Até agora, o maior acionista da EDP já aplicou mil milhões de euros na compra destas posições, o que corresponde a metade do valor acordado. Estas operações visam reduzir a alavancagem do grupo EDP e ajudar a financiar a expansão do negócio das renováveis.

O investimento chinês chegou em força ao setor financeiro este ano através da compra por mil milhões de euros da maior seguradora portuguesa, a Fidelidade. Recentemente a Fidelidade adquiriu através de oferta pública de aquisição 96% do capital da Espírito Santo Saúde, o que representou um esforço financeiro de 460 milhões de euros. Os chineses da Fosun admitem realizar novos projetos em Portugal ou aproveitar a Fidelidade como plataforma para chegar a novos mercados.


Para além de liderarem as autorizações de residência, atribuídas ao abrigo dos vistos Gold, em troca de investimentos no mercado imobiliário, o investimento chinês em Portugal poderá passar também pela banca e portos. Segundo o Wall Street Journal, a China, a par com o Dubai e o México, estão a rota do presidente do BESI, José Maria Ricciardi que procura um novo investidor para o banco de investimento do antigo BES.

Sem comentários: