terça-feira, 21 de outubro de 2014

Lisboa. Câmara reduz horários dos bares do Cais do Sodré mas moradores continuam insatisfeitos.


Lisboa. Câmara reduz horários dos bares do Cais do Sodré mas moradores continuam insatisfeitos
Por Marta Cerqueira
publicado em 22 Out 2014 in (jornal) i online

Bares do Cais do Sodré, da Bica e de Santos passam a fechar às 2. Moradores dizem que medida não resolve problema
Os bares das zonas históricas de Lisboa vão seguir o modelo do Bairro Alto, que desde 2008 tem ordem de fecho marcada para as duas da manhã. Na Bica, em Santos e no Cais do Sodré, os bares que actualmente encerram às 4h vão passar a fechar às 2h nos dias de semana e às 3h durante o fim-de-semana.



O problema do ruído nestes locais já é antigo e os testemunhos dos moradores já deram origem a queixas na junta de freguesia e na câmara municipal, a petições ou abaixo-assinados. No entanto, a mudança de horário de encerramento dos bares não é vista como a resposta às necessidades de quem mora em alguns dos locais mais movimentados da noite lisboeta. "Esta medida não vem resolver coisa nenhuma", garante Isabel Sá da Bandeira. A viver no Cais do Sodré desde 2006 e membro do movimento Aqui Mora Gente, Isabel explica ao i que o facto de os bares fecharem mais cedo não impede que as pessoas continuem a beber nas ruas durante a madrugada. "O problema começou com a rua rosa [Rua Nova do Carvalho], mas actualmente já se estende a toda a Praça de São Paulo, local onde todas as semanas abrem novos bares, muitas vezes disfarçados de coisas como galerias de arte", conta.

Uns quarteirões ao lado, no Largo de Santos, o cenário mantém-se. Miguel Veloso mudou- -se em Junho e bastaram quatro meses para perceber que teria de lidar diariamente com ruído nocturno vindo da rua. "Depois de finalizadas as obras no Largo de Santos durante o Verão, as pessoas saíram dos bares e voltaram a juntar-se nas ruas", relata. Para o morador, esta "medida é paliativa, não vai resolver o grande problema, que se prende com os ajuntamentos de pessoas na rua". Para isso os dois moradores sugerem uma lista de medidas, apresentadas já várias vezes às autoridades. Isabel Sá da Bandeira aponta os exemplos de Espanha e França, onde é proibido beber álcool nas ruas. "Só em Lisboa é que se considera que isso vai restringir liberdades", refere.

Para Miguel Veloso, a solução passa por limitar o ajuntamento de pessoas durante a madrugada, ajustar o licenciamento dos bares e limitar o uso abusivo de esplanadas. "Ninguém quer acabar com a vida nocturna", ressalva o morador, lembrando, no entanto, que a movida tem de se ajustar à vida dos moradores.

Para o líder da concelhia de Lisboa do PSD, a solução passa por alterar as zonas de diversão nocturna para locais menos habitados, dando como exemplo o Jardim do Tabaco. "Lisboa tem de ser para quem vive nela, mas também para quem se quer divertir nela", defende Mauro Xavier.



BAIRRO ALTO
 Há seis anos que os horários de fecho dos bares do Bairro Alto mudaram, antecipando o horário de encerramento das 4h para as 2h. Apesar de a medida ter ido de encontro às queixas dos moradores, as mudanças foram pouco visíveis, segundo o presidente da Associação de Moradores do Bairro Alto. Luís Paisana garante que a alteração da hora fez que o ruído acabasse "relativamente mais cedo", mas desde essa altura "o número de bairros cresceu para o triplo". O presidente da associação garante que não é conhecido o número de estabelecimentos em funcionamento no Bairro Alto, porque "tendo em conta as aberturas que acontecem todas as semanas, esse seria um levantamento inglório".


Os movimentos de moradores do Bairro Alto, Santos e Cais do Sodré lançaram uma petição que esperam entregar ainda esta semana na assembleia municipal, depois de recolhidas as 250 assinaturas necessárias. No documento, os moradores pedem a "instituição de normas e procedimentos que permitam obviar ao consumo e venda de bebidas alcoólicas na via pública, fora de esplanadas e outros recintos autorizados", assim como "a fixação de regras e procedimentos com vista ao cumprimento da lei do ruído e respectiva fiscalização"

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