quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Justiça suspende inquérito por corrupção a Sarkozy


Justiça suspende inquérito por corrupção a Sarkozy

Ex-Presidente continua a ser suspeito de corrupção e tráfico de influências, mas investigação fica “congelada”
João Manuel Rocha / 25-9-2014 / PÚBLICO

A Justiça francesa suspendeu o inquérito por suspeita de corrupção que está a fazer ao ex-Presidente Nicolas Sarkozy até que sejam apreciados os pedidos de nulidade de escutas telefónicas apresentados pelo político e pelo seu advogado.
A decisão foi tomada na terça-feira e noticiada ontem pela AFP. A suspensão das investigações pode prolongar-se durante meses, até que o tribunal de recurso se pronuncie sobre os pedidos de Sarkozy e do seu advogado, Thierry Herzog, igualmente indiciado. Ambos contestam a legalidade das escutas que levaram a que fossem constituídos arguidos, alegando que escutar um advogado e o seu cliente é uma violação de segredo profissional.
Sarkozy continua a ser suspeito de “corrupção activa”, “tráfico de influências” e “violação do segredo de justiça”, mas a investigação — uma das várias que incidem sobre acontecimentos dos seus anos de presidência — fica “congelada”. O caso levou, em Julho deste ano, à constituição do ex-Presidente como arguido, por alegada tentativa de obter informações sobre processos em que estava a ser investigado.
Os juízes que investigam este dossier têm procurado apurar se Sarkozy tentou, com o seu advogado, saber junto de um alto magistrado, Gilbert Azibert, que também é arguido no caso, informações sob segredo de justiça relativas a um dos processos em que é visado — o alegado financiamento irregular da campanha presidencial de 2007 por Liliane Bettencourt, herdeira da L’Oréal. Em troca teria sido prometido ao magistrado um prestigiado cargo no Mónaco.
Querem também esclarecer se o então Presidente foi informado que estava sob escuta num inquérito a suspeitas de financiamento ilegal à sua eleição pelo o ditador líbio Muammar Khadafi morto entretanto.
Ainda que a suspensão do inquérito das escutas seja uma boa notícia para Sarkozy, o ex-Presidente não tem motivos para estar tranquilo. São vários os casos que podem vir a obrigá-lo a prestar contas à Justiça — das facturas falsas na campanha das presidenciais de 2012; ao chamado “escândalo Tapie”, em que é suspeito de ter feito pressão sobre a então ministra da Economia, Christine Lagarde, actual directora-geral do Fundo Monetário Internacional, para que fosse feita uma arbitragem num conflito que opunha o empresário Bernard Tapie ao Banco Crédit Lyonnais sobre a venda da empresa Adidas. Em Julho de 2008, Tapie recebeu 403 milhões de euros do Estado francês, a título de indemnização.

No domingo, Sarkozy disse não ter praticado qualquer irregularidade nos casos que correm na Justiça em que o seu nome é citado. Apesar do cenário aparentemente sombrio, na sexta-feira, Sarkozy, Presidente de 2007 a 2012, anunciou a intenção de se candidatar à presidência do seu partido, a UMP, de centro-direita, em Novembro. No horizonte pode estar uma candidatura às presidenciais de 2017.

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