terça-feira, 24 de junho de 2014

Manifesto em defesa de Seguro diz que governo de Sócrates foi um desastre


Manifesto em defesa de Seguro diz que governo de Sócrates foi um desastre
Por Luís Claro
publicado em 25 Jun 2014 in (jornal) i online

Os ex-dirigentes Henrique Neto, Ventura Leite, Rómulo Machado e Gomes Marques criticam declaração dos históricos do PS
Um grupo de militantes do PS veio responder à declaração dos notáveis do partido a pedir "uma rápida clarificação no PS". O apelo, com a assinatura de Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Almeida Santos e Vera Jardim merece uma resposta dura num texto, a que o i teve acesso e que publica na íntegra, intitulado "Sejamos consequentes", em que a governação de José Sócrates é classificada como um "descalabro" e é claro o apelo aos socialistas para que não deixem voltar ao poder "os mesmos que no PS conduziram Portugal para o desastre".

São quatro os socialistas - Henrique Neto, Ventura Leite, Rómulo Machado e António Gomes Marques - que dizem ter recebido com "surpresa" a declaração dos notáveis, que consideram ser "a favor de António Costa". Alguns destes socialistas ocuparam cargos de relevo no PS, como Henrique Neto, que foi dirigente do partido e deputado, e Ventura Leite, que foi deputado nos tempos de Sócrates, mas entrou em ruptura com o partido por discordar da governação do então primeiro-ministro. Na resposta aos notáveis, o grupo de ex-dirigentes lamenta que "estas quatro personalidades" do PS se tenham mantido "quase sempre caladas" durante os anos em que Sócrates governou o país. "Nesse período sempre verificámos com angústia, como certamente muitos outros portugueses e socialistas, que o interesse nacional andou a reboque dos interesses partidários do grupo no poder, sem que isso tivesse conduzido a uma posição tão relevante como a que agora foi tornada pública."

CRÍTICAS A SÓCRATES Com a "plena consciência" de que estão a tomar uma "posição impopular", estes militantes socialistas defendem que o "mau governo" da coligação PSD/CDS não pode fazer esquecer que não foi a direita que "preparou o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições". A culpa, assumem, foi dos governos do PS: "Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal."

Os erros cometidos nos tempos de Sócrates são para estes socialistas razão mais que suficiente para impedir o regresso ao poder dos "mesmos que conduziram Portugal para o desastre". Isso seria, dizem, um "crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista".

As críticas destes ex-dirigentes do PS à governação de Sócrates são antigas. Joaquim Ventura Leite protagonizou, em 2009, um momento pouco habitual no parlamento com um deputado socialista a pedir ao governo que invertesse o rumo, sob pena de conduzir o país ao "desastre" e ao "descrédito" no plano internacional.

O empresário Henrique Neto foi das vozes mais críticas, a nível interno, nos tempos de Sócrates. Em 2011, o ex-deputado pediu mesmo a demissão de Sócrates da liderança para permitir uma renovação a tempo das eleições legislativas desse ano. Rómulo Machado foi dos poucos que, no congresso de 2011, levantaram a voz contra Sócrates para o acusar de ter levado o país à bancarrota.


Os quatro militantes lamentam ter sido "ignorados" e "frequentemente vilipendiados, apenas por denunciar os erros, os jogos de interesses e os estragos que a governação do PS estava a infligir a Portugal". Três anos depois de Sócrates ter saído do governo, o grupo de militantes entra na disputa entre Costa e Seguro para tentar evitar o regresso dos que acusam de ter levado Portugal para "os braços da dependência internacional e para o sacrifício de milhões de portugueses".

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