terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Lusófona não vai proibir praxes na sequência da tragédia do Meco.Administrador da universidade diz que o que se passou foi um “acidente” e que jovens estavam a “divertir-se”.

“Os seis mortos da praia do Meco (e o único sobrevivente dessa excursão nocturna) frequentavam a Universidade Lusófona. Todo o mal vem daí.

As dúzias de instituições que se declararam “universidades” não tinham qualquer espécie de semelhança com a verdadeira coisa. Os professores eram, de maneira geral, pequenas personagens do antigo regime, muitas sem qualificação bastante e quase todas para além da idade de aprender e mudar. A maioria do chamado “corpo estudantil” fora antes rejeitado pelo Estado e pagava uma exorbitância pelo “ensino” que recebia. Cada “universidade privada”, fosse de que forma fosse, acabava por se tornar um negócio, a favor de obscuras direcções que não dependiam de nenhuma autoridade idónea. Mas, no meio disto, precisavam de prestígio.

Para o “prestígio” escolheram usualmente três caminhos: grandes cerimónias, imitadas de universidades medievais; trajos de professores de grande pompa e circunstância; e uma total liberdade para as “praxes”. Numa altura em que pelo Ocidente inteiro se abandonavam as “praxes” pela sua brutalidade e pela sua absoluta falta de sentido no mundo contemporâneo, Portugal adoptou com entusiasmo essa aberração. Tanto as direcções como os professores não abriram a boca e menos puniram os delinquentes, que de resto não se escondiam e até se gabavam. Do Minho ao Algarve nasceu assim uma nova cultura, cada vez mais sádica e tirânica, que variava na proporção inversa da qualidade académica da instituição em que se criara. Nas cidades chegou ao seu pior.” (…)
In :
“Praxes: igual à máfia”?
VASCO PULIDO VALENTE 25/01/2014 / PÜBLICO
 "ACIDENTE" !? "ESTAVAM A DIVERTIR_SE"!?

Lusófona não vai proibir praxes na sequência da tragédia do Meco
PÚBLICO 29/01/2014 -
Administrador da universidade diz que o que se passou foi um “acidente” e que jovens estavam a “divertir-se”.

O presidente do conselho de administração da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias anunciou nesta terça-feira que a instituição não vai proibir as praxes na sequência da tragédia de Dezembro que vitimou seis dos seus alunos na praia do Meco, em Sesimbra.

Ouvido pela SIC, Manuel de Almeida Damásio considerou que o que se passou a 15 de Dezembro no Meco foi um “acidente” e comparou-o ao naufrágio ocorrido uma semana depois na Costa da Caparica, quando seis tripulantes de um barco desportivo morreram depois de a embarcação se ter virado.

Para o administrador da Lusófona, onde está em curso um inquérito interno para apurar as circunstâncias em que os alunos morreram, não há motivos para associar o sucedido a uma praxe, até porque houve quem os visse na tarde de 15 de Dezembro na zona do Meco a “fazer brincadeiras” e a “divertir-se”.

Sobre a decisão de não interditar as praxes, Manuel de Almeida Damásio justificou-a com o facto de a universidade não ser “a favor de censuras”. E acrescentou: “Todos os dias morrem pessoas nas estradas e não vamos proibir alguém de andar na estrada”.

Os seis jovens da Universidade Lusófona de Lisboa morreram na madrugada de 15 de Dezembro após terem sido levados pelo mar. Apenas o chamado "dux", nome que é dado ao chefe máximo da praxe, sobreviveu, mas tem permanecido em silêncio desde então. Alguns pais das vítimas tentaram, entretanto, obter informações junto do jovem e junto do Conselho Oficial da Praxe Académica da Lusófona, sem sucesso. O caso está neste momento a ser investigado pelas autoridades e sob segredo de justiça.

No sábado ao final da tarde, os pais pediram a todas as pessoas que possam ajudá-los a esclarecer o sucedido para usarem uma conta de e-mail que tinham acabado de criar — tragedia.meco@gmail.com. Em pouco mais de 24 horas chegaram-lhes mais de 80 mensagens, “algumas de muito interesse”, segundo explicou na altura ao PÚBLICO a mãe de uma das vítimas.


Entretanto, o ministro da Educação convocou as associações de estudantes para debater o tema das praxes já nesta semana. A tutela diz estar a acompanhar “com toda a atenção” os incidentes mais recentes relacionados com o assunto. O ministério dirigido por Nuno Crato pretende “discutir e estudar” com os alunos das instituições de ensino superior, quer públicas, quer privadas, “as melhores formas de prevenir este tipo situações, de extrema gravidade”. Os representantes das universidades e dos institutos politécnicos públicos também vão ser ouvidos pela tutela acerca da mesma questão.

Manuel de Almeida Damásio "ACIDENTE" !? "ESTAVAM A DIVERTIR_SE"!?

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