segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ANTES e AGORA . Paisagens de Lisboa enchem de cor o túnel pedonal de Alcântara. Passagem subterrânea de acesso à estação da CP de Alcântara, em Lisboa, já está de cara lavada. Mas ainda há retoques por fazer.



ANTES






Depois de o Voo do Corvo em 21 DE ABRIL DE 2013 / http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2013/04/extravagancias-comparadas-por-antonio.html
 ter dedicado uma reportagem ao infame túnel seguido 3 dias depois pelo O Corvo/blog 24/04/2013 / http://ocorvo.pt/2013/04/24/tunel-de-alcantara-mar-longe-da-vista-longe-da-reabilitacao/, o mesmo blog anunciava ontem 01/08/2013 http://ocorvo.pt/2013/08/01/arte-urbana-quer-abrir-tunel-de-alcantara-a-cidade/ a intervenção “Arte Urbana” …. Hoje é a vez do Público.
O “Zé” deve ter visto …
Atenção meus senhores … trata-se de “Arte Urbana” e não de Graffiti … Hummm … esperar para ver o “Resultado” …
 
O interior do túnel de Alcântara é há vários anos um dos piores cartões de visita da cidade

Graffiters pintam túnel pedonal de Alcântara para "devolver alguma dignidade" ao espaço "abandonado"
Por Inês Boaventura
02/08/2013
A Câmara de Lisboa afirma que já realizou intervenções no pavimento e na iluminação, mas não há resultados visíveis

É uma das portas de entrada em Lisboa para os turistas que chegam em cruzeiros e também um ponto de acesso à estação ferroviária de Alcântara-Mar. Mas isso não foi impedimento para deixar a passagem pedonal subterrânea de Alcântara chegar ao estado de degradação em que se encontra. Na próxima semana, a Associação Portuguesa de Arte Urbana (Apaurb) vai iniciar a pintura das paredes do túnel, com motivos alusivos à cidade, para lhe "devolver alguma dignidade".

A proposta de "intervenção artística" foi apresentada ainda no ano passado à Câmara de Lisboa, que é a entidade responsável por este atravessamento urbano, pelo presidente da Apaurb, mas a resposta só agora chegou. A partir de 7 de Agosto, Octávio Pinho, graffiter conhecido como "SLAP", vai finalmente poder começar a desenhar no túnel as imagens dos monumentos e miradouros de Lisboa que até aqui apenas existiam no seu caderno de esboços.

O objectivo, como se explica na descrição do projecto entregue à autarquia, é duplo: por um lado, "devolver alguma dignidade ao espaço, que está abandonado e com muito mau aspecto" e, por outro, "colocar o túnel no roteiro de arte urbana". A Ponte 25 de Abril, o Aqueduto das Águas Livres, o Padrão dos Descobrimentos, o Castelo de S. Jorge e as vizinhas Docas de Alcântara serão alguns dos pontos turísticos da cidade retratados, juntamente com um tradicional eléctrico da Carris.

A Apaurb está à procura de patrocínios (para pagar sprays e o trabalho dos graffiters) e de voluntários que queiram participar na pintura do túnel, bastando para tal inscreverem-se na recepção do Museu do Oriente, na Avenida Brasília. A iniciativa conta com o apoio da Sika Portugal, que vai fornecer as tintas necessárias. Em comunicado, a empresa de produtos químicos para a construção e indústria acrescenta que cerca de 20 dos seus colaboradores irão participar "na pintura dos 3000m2 de paredes, tectos e pavimentos do túnel que liga o bairro de Alcântara ao rio".

Ao início da tarde de ontem, quatro funcionários da Câmara de Lisboa trabalhavam no interior do túnel, usando vassouras para limpar paredes e chão. Esta actividade de limpeza, raras vezes vista no local, despertou a atenção de quem por ali passava, incluindo um transeunte que não resistiu a comentar, enquanto se encaminhava para as escadas que levam à Avenida da Índia: "Vamos lá ver se é desta, se isto dá a volta ou não."

Em Abril, a Câmara de Lisboa fez saber que estava "em desenvolvimento um projecto global de requalificação" daquela passagem por baixo da linha férrea, sobre o qual não deu pormenores.

Questionada agora pelo PÚBLICO sobre este assunto, a autarquia informou que "a requalificação desta área está em estudo", acrescentando que, "atendendo às questões de segurança e salubridade", "levou a cabo um conjunto de intervenções, com o objectivo de evitar o encerramento da passagem".

Essas intervenções, explica-se, consistiram numa obra "a nível do pavimento (alteamento da cota), para melhor escoamento de águas pluviais acumuladas", na "reparação e reforço da iluminação" e no "reforço da limpeza do espaço e instalação de papeleiras". A Câmara de Lisboa não diz quando foram realizados esses trabalhos, mas ao atravessar-se a passagem pedonal, onde o cheiro a urina se faz sentir com intensidade, não há qualquer sinal de que eles tenham sido feitos ou de que tenham tido resultados.


Os líquidos continuam a acumular-se no chão do túnel, junto às paredes, e, no que diz respeito à iluminação, abundam as armaduras partidas e cobertas não só de rabiscos, mas também de longas teias de aranha. Também nas paredes a falta de limpeza, e de respeito pelo património, é evidente.
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Passagem subterrânea de acesso à estação da CP de Alcântara, em Lisboa, já está de cara lavada. Mas ainda há retoques por fazer. 

AGORA



No tecto estão já instaladas quatro câmaras de vigilância, para reforçar a segurança no local

Escadas de acesso à plataforma da estação também foram incluídas na intervenção

Os pilares centrais foram decorados por graffiters: um deles exibe selos com murais e cartazes políticos do 25 de Abril

Desenhos ocupam uma área de cerca de 3000 metros quadrados



Graffiti nos pilares vão sendo renovados e alterados ao longo do tempo

Desde Agosto foram gastos mais de dez mil euros em tinta
Paisagens de Lisboa enchem de cor o túnel pedonal de Alcântara
MARISA SOARES 16/12/2013 - in Público

Passagem subterrânea de acesso à estação da CP de Alcântara, em Lisboa, já está de cara lavada. Mas ainda há retoques por fazer. A Associação Portuguesa de Arte Urbana aceita voluntários para acabar de pintar o que falta.

Uns passam a correr e olham de relance, outros abrandam o passo e apreciam devagar. Há quem pare para tirar fotografias a “espreitar” pelo binóculo do miradouro de S. Pedro de Alcântara, pintado na parede. Tem sido assim desde Agosto, quando a Associação Portuguesa de Arte Urbana (Apaurb) começou a pintar o túnel pedonal de Alcântara, em Lisboa. A intervenção está quase pronta, com a ajuda de mais de 400 voluntários. Mas ainda há trabalho a fazer.

A passagem subterrânea sob a Avenida da Índia e a via férrea, que dá acesso à estação ferroviária de Alcântara-Mar e à zona das docas, está de cara lavada. E maquilhada. Nas paredes, os rabiscos imperceptíveis e a sujidade deram lugar a painéis de arte urbana, com desenhos das paisagens, monumentos e edifícios mais emblemáticos da cidade. Está lá tudo: desde a Ponte 25 de Abril ao Aqueduto das Águas Livres, passando pela Torre de Belém, pelo Museu do Oriente, pelo Castelo de São Jorge, pelos cacilheiros a navegar no Tejo e pelos eléctricos “amarelinhos”, entre outras imagens de marca da cidade. E até evocações dos murais revolucionários do pós-25 de Abril.


“É quase uma vista de 360 graus sobre Lisboa”, diz Octávio Pinho, da Apaurb. É ele o impulsionador do projecto, que conta com o apoio da Câmara de Lisboa, entidade responsável pelo espaço. As pinturas começaram em Agosto e desde então foram gastos 10.400 euros em tinta, oferecida pela Sika Portugal, uma empresa de produtos químicos para a construção e indústria, e 4500 euros em tinta de spray, oferecida pela CP e pela Refer. A mão-de-obra é totalmente voluntária.

O objectivo do projecto é duplo: por um lado, limpar a imagem de um túnel degradado há anos, com paredes rabiscadas, água e lixo pelo chão, e um cheiro nauseabundo; por outro lado, colocar o túnel nos roteiros de arte urbana da capital, transformando-o numa galeria aberta, com graffiti de artistas nacionais e estrangeiros. “Já entra em três roteiros”, adianta Octávio Pinho, explicando que os desenhos nos pilares centrais vão sendo alterados e renovados ao longo do tempo.

Voluntários, precisam-se
Os desenhos começaram a tomar forma com a ajuda de estudantes que ali passaram parte das férias de Verão. A palavra foi-se espalhando e chegou aos moradores e trabalhadores da zona, e até aos turistas, que ali encontram uma porta de entrada na cidade, ao saírem do terminal de cruzeiros. “Houve um casal de holandeses que perguntou se podia ajudar e pintou um mural. Tivemos um rapaz do Canadá, outro da Alemanha, outro do Brasil, que também pintaram. A Cat, uma graffiter francesa, veio ao casamento de uma amiga e pintou uma parte, depois veio cá de propósito pintar o resto.”

Falta pouco para terminar a intervenção. Por estes dias fazem-se retoques, dá-se a segunda demão em alguns locais, preenchem-se zonas de parede ainda em branco. Falta pintar o chão e os acessos à estação ferroviária. Mas os voluntários, que no Verão eram às dezenas, agora escasseiam. A Câmara de Lisboa lançou um pedido na sua página de Internet e aceitava inscrições para quem quisesse ajudar, nesta segunda e terça-feira, entre as 15h e as 19h.

Sara Malta “tropeçou” no anúncio da câmara e resolveu inscrever-se. Quando estudava design de interiores na Escola Superior de Artes Decorativas, a poucos metros da estação, passava por ali diariamente. “Às vezes preferia ir à volta, por outro lado, em vez de usar o túnel, que era escuro, sujo e cheirava mal”, conta. A iniciativa da Apaurb deixou-a satisfeita. “Já estudei na faculdade há mais de dez anos, já estava na altura”, afirma.

Bruno Silva foi o primeiro dos cinco inscritos a chegar, à hora em ponto. Está desempregado e achou a iniciativa “interessante”, por isso quis ajudar mesmo sem perceber nada de pintura. Não é preciso. Ainda assim, é pessimista – ou antes “realista”, afirma. “Acho que vão começar a surgir rabiscos por cima dos desenhos, sei de outros locais onde fizeram algo semelhante e isso aconteceu”, lamenta.

Octávio Pinho, também ele graffiter, não parece preocupado. “Já apareceram tags [nomes escritos na parede], mesmo depois de termos pintado”, afirma. A solução é pintar por cima e esperar que os graffiters compreendam a mensagem: “Até podem fazer a tag, mas de forma que fique integrada no desenho.”

Câmara promete "reabilitação profunda"
A Câmara de Lisboa, que assumiu em 2005 a gestão do espaço antes entregue à CP e à Refer, agradece a iniciativa. “Íamos fazer um concurso público para a reabilitação do túnel mas não avançámos porque a Apaurb ofereceu-se para organizar esta intervenção, sem custos para o município”, explica João de Sá Machado, coordenador da Unidade de Intervenção Territorial Ocidental.

Segundo o responsável, a autarquia também já pôs mãos à obra: renovou a iluminação no local e resolveu os problemas ao nível do escoamento de águas pluviais, para travar as infiltrações. O próximo passo é avançar com um “projecto de reabilitação profunda”, que passa nomeadamente pela melhoria das acessibilidades. A escada rolante num dos acessos a norte, parada há vários anos, vai dar lugar a uma rampa de 60 metros, onde poderão circular bicicletas, cadeiras de rodas e até os veículos municipais que asseguram a higiene urbana. O mesmo vai acontecer no acesso pelo sul, do lado das Docas.

Para aceder à plataforma da estação, a Refer disse ao PÚBLICO em Agosto que vai instalar elevadores, mas não indicou uma data. A instalação está dependente da “criação de condições semelhantes de acesso à rua, da responsabilidade da câmara”.

Sá Machado não diz quando é que o projecto da câmara vai avançar. Mas levanta o véu sobre outros pormenores. No espaço onde antes funcionava um café, a autarquia quer instalar um estabelecimento semelhante mas “de qualidade”, com uma esplanada em pleno túnel e um palco para espectáculos. Ao lado, deverá ficar um posto de apoio da PSP, com acesso às imagens captadas pelas quatro câmaras de videovigilância já instaladas no tecto. Haverá também sanitários públicos.

“Queremos que isto seja um local de paragem para os turistas. Que tenha um café agradável, uma livraria e uma tabacaria”, afirma. "Interessa-nos que isto passe a ser um sítio para estar, mais do que para passar."

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