domingo, 14 de julho de 2013

Quercus quer apurar responsabilidades sobre fogos de Bragança

Quercus exige apuramento de responsabilidades sobre incêndios em Alfândega da Fé, Mogadouro e Moncorvo

http://www.quercus.pt/comunicados/2013/julho/2723-quercus-exige-apuramento-de-responsabilidades-sobre-incendios-em-alfandega-da-fe-mogadouro-e-moncorvo

Durante esta semana a zona do vale do rio Sabor e a sua envolvente nos concelhos de Alfândega da Fé, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta a Torre de Moncorvo (Distrito de Bragança) foram atingidas por fogos que destruíram floresta e áreas agrícolas, no total de mais de 14 000 hectares, provocando avultados prejuízos.


Os fogos que tiveram início em Picões, no concelho de Alfândega da Fé, e na Quinta das Quebradas, concelho de Mogadouro, no passado dia 9 de Julho, afetaram mais de 14.000 hectares no vale do rio Sabor e encostas envolventes, integradas na Zona de Protecção Especial para aves selvagens e Sítio de Importância Comunitária – Rios Sabor e Maçãs - ambos constituintes da Rede Natura 2000, onde estão a avançar as obras da albufeira e barragem do Baixo-Sabor, promovida pela EDP.


Dado que existe a afetação desta importante área classificada com habitats prioritários para a conservação, a Quercus exige que seja elaborado e divulgado um relatório detalhado da ocorrência, referindo as diversas questões ligadas à definição da estratégia de atuação e de prioridades de combate para defesa dos valores existentes.


Sem prejuízo desta avaliação, é já evidente que estamos na presença de uma clara falha de todo o sistema de prevenção e de combate aos incêndios, em que as autoridades responsáveis demostraram a sua total inoperância em situações deste género.


Esta ocorrência é também a prova indesmentível do desinvestimento e das políticas erradas de ordenamento florestal, prevenção e combate promovidas pelos últimos governos.


É pois urgente apurar responsabilidades, pelo que há várias questões no ar que deverão ser respondidas por quem de direito:


- Os municípios implementaram o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra incêndios (obrigatório por lei) e executaram as ações de prevenção nele previsto?

- Como foi organizada a supressão do fogo nas diferentes fases?

- Que análise ao comportamento do fogo foi realizada e quais as estratégias delineadas?

- Como e por quem foram definidas as prioridades de defesa em termos de habitats prioritários a salvaguardar?

- Qual a integração nas estratégias de combate?

- Porque falharam as diversas oportunidades para parar a propagação do fogo nas estradas a norte da Quinta das Quebradas e sobretudo na N225?

- Quais os fatores que determinaram a forma final do perímetro do incêndio, o qual não parece corresponder nem à meteorologia, nem à orografia?

- Existiram manobras de uso de fogo de supressão? Quem foram os responsáveis pela sua execução, onde foram executadas e quais os resultados obtidos?

- Não deveriam existir equipas especializadas permanentes em áreas protegidas sensíveis para prevenção e combate, com conhecimentos técnicos e do território que facilitassem as decisões e as intervenções nestas situações?



A Quercus considera necessária uma estratégia de longo prazo com melhores políticas agro-florestais, que promova o investimento público na floresta autóctone , com recurso a diversas espécies mais resistentes ao fogo, como os carvalhos, sobreiros e outras adaptadas ao território.



Lisboa, 13 de julho de 2013
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Quercus quer apurar responsabilidades sobre fogos de Bragança

Por Agência Lusa
publicado em 13 Jul 2013 in (jornal) i online

Incêndio chegou a ter 6 frentes activas

A Quercus quer que seja realizado um relatório sobre os incêndios do distrito de Bragança esta semana para "apurar responsabilidades" e lamenta a "clara falha de todo o sistema de prevenção e de combate aos incêndios".
Em comunicado hoje emitido, a organização ambiental refere que parte da área ardida inclui habitats considerados prioritários para a conservação, exigindo que seja "elaborado e divulgado um relatório detalhado" dos fogos dos concelhos de Alfândega da Fé, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, num total de mais de 14.000 hectares no distrito de Bragança.
"Sem prejuízo desta avaliação, é já evidente que estamos na presença de uma clara falha de todo o sistema de prevenção e de combate aos incêndios, em que as autoridades responsáveis demonstraram a sua total inoperância em situações deste género", afirma a Quercus.
Por isso, a organização quer saber se os municípios implementaram o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra incêndios, obrigatório por lei, como foi organizada a supressão do fogo nas diferentes fases e como foram definidas as prioridades de defesa em termos de habitats prioritários a salvaguardar.
A Quercus defende ainda que seja criada "uma estratégia de longo prazo com melhores políticas agroflorestais, que promova o investimento público na floresta autóctone, com recurso a diversas espécies mais resistentes ao fogo, como os carvalhos, os sobreiros e outras adaptadas ao território".
O incêndio que deflagrou na terça-feira em Picões e Ferradosa, no concelho transmontano de Alfândega da Fé, alastrou-se imediato aos concelhos de Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, chegando a ter seis frentes ativas, tendo a última sido extinta apenas na sexta-feira de manhã.


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