quarta-feira, 17 de julho de 2013

Grécia aprovou plano que corta milhares de empregos públicos.

Grécia aprovou plano que corta milhares de empregos públicos.

Decisão tomada pelo Parlamento por magra vantagem na véspera da deslocação do ministro alemão das Finanças a Atenas.
Treze votos fizeram a diferença no parlamento grego, que aprovou na noite de quarta-feira um novo pacote de austeridade que foi exigido a Atenas como contrapartida de um empréstimo de 6800 milhões de euros. Quatro mil postos de trabalho no sector público serão extintos até Dezembro e mais 25 mil funcionários serão colocados num quadro de mobilidade. Os sindicatos contestaram este plano com uma greve geral, esta semana, mas a amioria dos deputados apoiou as medidas.
Com uma votação de 153-140, o parlamento de Atenas passou por cima dos milhares de manifestantes que acompanharam na rua o debate parlamentar e a votação, protestando contra as intenções do Governo de Antonis Samaras (conservador). Este, por seu lado, sustenta que não tinha alternativas para as contrapartidas exigidas pelos credores internacionais que se reuniram para emprestar mais 6800 milhões de euros à Grécia.
A divisão no parlamento espelha a situação tensa que se vive no país, que vai suportando cortes alariais e nas pensões. De acordo com a AFP, dois deputados da maioria que suporta o Governo Samaras – que perdeu entretanto um dos três partidos que o compunham – não participaram na votação e um outro foi transportado do hospital até ao parlamento para que expressasse o seu sentido de voto.
O pacote agora aprovado prevê o despedimento de mais de 4000 funcionários públicos, incluindo professores e trabalhadores da administração local. Na segunda-feira, véspera de uma greve geral convocada como protesto contra este plano, mais de 200 autarcas do país fecharam serviços locais como tomada de posição contra as intenções que vão fazer-se sentir nas autarquias.
Até ao final de 2014, cerca de 25 mil trabalhadores do Estado serão colocados num quadro de mobilidade. Durante oito meses, receberão 75% do salário e terão de procurar um emprego alternativo. No fim desse período, se não o conseguirem nem aceitarem outro posto que lhes possa ser oferecido, irão para o desemprego.
As saídas efectivas previstas para este ano são pouco mais do que 1% das que deverão acontecer para satisfazer as exigências da troika (FMI, BCE e Comissão Europeia), mas segundo o ministro grego da Administração Pública, Kyriakos Mitsotakis, o país recebe a mensagem de que foi quebrado o tabu do despedimento no sector público. Segundo o Financial Times, Mitsotakis trabalhava para a consultora McKinsey antes de entrar na política.
Os diferentes ministérios poderão vir a contratar no futuro mais trabalhadores, dentro de um quadro mais apertado, mas segundo a BBC a maioria dos que correm o risco de irem parar ao chamado quadro de mobilidade acreditam que o seu futuro passa pelo desemprego. A Grécia está há seis anos em recessão e tem uma taxa de desemprego de 26,9%, a maior da zona euro. Desde 2010 que depende de empréstimos internacionais.

Nesta quinta-feira é esperado em Atenas o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, cuja deslocação chegou a ser descrita na imprensa alemã como uma eventual demonstração de apoio da Alemanha ao executivo grego e às medidas difíceis que tem para executar. Para os milhares de gregos que assistiram de mãos em frente à boca ou a protestarem em frente ao parlamento, essa deslocação será a visita de um adversário, já que a Alemanha tem sido o pilar principal da política de austeridade na Europa como arma contra a crise das dívidas soberanas e do euro.

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