quarta-feira, 24 de julho de 2013

CÂMARA PEDE CLASSIFICAÇÃO DE “INTERESSE PÚBLICO” PARA A SÁ DA COSTA.

“esta moção chega por pressão da opinião pública e em clima pré-eleitoral”

Realmente, basta lembrar o caso da Picadilly (última Alfaiataria com carácter verdadeiramente “Saville Row”)  que foi confrontada com um Ultimatum durante obras de tansformação do edifício, tendo sido dito à proprietária do estabelecimento que o respectivo espaço seria utilizado como entrada do edifício.
Pouco depois este foi disponibilizado para aluguer a preços exorbitantes tendo vir a ser ocupado por uma loja de sandes, com um ambiente/contraste em relação à envolvente do Chiado, que eu classifiquei : “Como um frigorifico iluminado de porta escancarada num salão” / http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/05/como-um-frigorifico-iluminado-de-porta.html
A Picadilly fazia parte integrante da História/ Tradição do Chiado, também tinha “um alto valor patrimonial e cultural, pelas memórias e pelas manifestações culturais que lá se realizaram, e insere-se numa zona classificada de interesse público” e eu já tinha denunciado a situação muito antes: http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/01/vai-piccadilly-desaparecer-reportagem.html
 Manuel Salgado “não mexeu uma palha” e muito menos a Roseta … as coisas mudam quando as eleições se aproximam …

António Sérgio Rosa de Carvalho.


CÂMARA PEDE CLASSIFICAÇÃO DE “INTERESSE PÚBLICO” PARA A SÁ DA COSTA

Os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa votaram hoje por unanimidade uma moção pedindo à Direcção-Geral do Património Cultural a abertura de procedimento de classificação da Livraria Sá da Costa “como imóvel de interesse público”. O pedido surge na sequência de uma petição pública surgida anteontem pela mão de um conjunto de cidadãos precisamente com esse intuito, depois do encerrramento da loja por insolvência decretada, na semana passada, pelo Tribunal do Comércio de Lisboa. O estabelecimento, que celebrava este ano um século de existência, abriu portas pela última vez no sábado e funcionava nas instalações da Rua Garret desde 1943.
O documento agora votado pela edilidade lisboeta, apresentado pelos vereadores do executivo Manuel Salgado, Helena Roseta e Catarina Vaz Pinto, manifesta ainda o seu apoio “à  necessidade de salvaguardar a Livraria Sá da Costa enquanto espaço emblemático e actividade cultural constituinte do espírito e alma do Chiado”. Na introdução da moção, intitulada “Em defesa do valor patrimonial e cultural da Livraria Sá da Costa”, considera-se que o seu fecho “bem como de outros estabelecimentos comerciais congéneres existentes, tanto em Lisboa como noutras zonas do país, representa uma séria apreensão para todos os que defendem a memória e a oferta cultural diversificada e de qualidade na cidade, e uma clara perda de um espaço da cidade com significativo valor cultural”.
Depois de elencar razões para considerar pertinentes a classificação da loja, entra as quais o facto de ela ser “um dos primeiros estabelecimentos comerciais da Baixa de Lisboa apresentando decoração Art Deco, que ainda preserva”, o documento afirma que a livraria detém “um elevado valor cultural e patrimonial para a cidade, destacando-se como critérios justificativos para a sua classificação, por um lado, a exemplaridade na sua imagem arquitectónica – apresentando-se como um espaço de valor patrimonial pela a sua arquitectura original preservada até aos dias de hoje – e, por outro, a importância do espaço do ponto de vista da investigação histórica, testemunho notável de vivências reflectidas na nossa memória colectiva”.
Ou seja, o importante é não apenas manter imaculado o edifício, mas também a sua actividade livreira e cultural. E esta questão motivou divergência entre os vereadores do executivo e os da oposição, apesar do voto consensual. As críticas vieram sobretudo de António Carlos Monteiro, do CDS-PP, que disse que “não podemos esquecer o sucedido aquando da discussão do PDM (Plano Director Municipal)”, sugerindo que a alteração deste instrumento de planeamento urbano, num processo liderado pelo vice-presidente Manuel Salgado, terá aberto o caminho para situações de desvirtuação do uso de lojas de comércio tradicional nas zonas históricas.
Também o vereador Vítor Gonçalves, do PSD, lançou críticas à actuação da Câmara Municipal de Lisboa, afirmando que “esta moção chega por pressão da opinião pública e em clima pré-eleitoral”. Farpas surgidas, na última reunião pública de vereação antes das eleições autárquicas de 29 de Setembro, após Manuel Salgado ter reconhecido que a autarquia “não tem instrumentos para impedir a mudança de ramo comercial”. “Mas tudo faremos para que se mantenha como livraria”, frisou. A vereadora Helena Roseta, por seu lado, disse que “para casos excepcionais, como é este, podemos sempre condicionar o uso”.

Texto: Samuel Alemão     Fotografia: Carla Rosado

Câmara de Lisboa aprova por unanimidade classificação da Livraria Sá da Costa
Por Agência Lusa
publicado em 24 Jul 2013 in (jornal) i online
A Sá da Costa foi declarada insolvente pelo Tribunal de Comércio de Lisboa.
 A liquidação da empresa concretizar-se-á com a venda de todo o património da livraria, para pagamento aos credores, e com a sua extinção
A Câmara de Lisboa aprovou hoje por unanimidade uma moção apresentada pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, para a classificação da Livraria Sá da Costa, em processo de encerramento e liquidação, como imóvel de interesse público.
“A Câmara de Lisboa entende que a livraria tem um alto valor patrimonial e cultural, pelas memórias e pelas manifestações culturais que lá se realizaram, e insere-se numa zona classificada de interesse público. O que pretendemos é pedir à Direção Geral do Património para iniciar o processo de classificação da livraria, não obstante todo o conjunto já estar classificado”, disse a vereadora.
Por seu lado, o vice-presidente Manuel Salgado, que também assina a moção, disse que o “ideal era conseguir que a atividade de livraria fosse assegurada no espaço”, mas afirmou que a autarquia não tem "instrumentos que permitam garantir que o uso não seja alterado”.
“Conseguiu-se isso com a Ourivesaria Aliança. Faremos tudo para manter a atividade de livraria”, acrescentou.
Manuel Salgado lembrou, ainda, que a “defesa das lojas de tradição é uma preocupação expressa no Plano Diretor Municipal (PDM)” e que estão identificados “170 estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade nessas condições e que têm proteção patrimonial particular”.
O vereador do PSD Vitor Gonçalves criticou a Câmara por não se preocupar com o comércio tradicional e por apenas ter apresentado a moção por “pressão da opinião pública”.
Do lado do CDS-PP, o vereador António Carlos Monteiro disse que “não é possível salvaguardar a livraria enquanto atividade, nem os postos de trabalho”.
“Aquilo que é possível é salvaguardar o edificado e para isso estamos disponíveis”, disse.
O vereador frisou à Câmara ser “fundamental” preservar o comércio tradicional nas zonas históricas.
A Sá da Costa foi declarada insolvente pelo Tribunal de Comércio de Lisboa. De acordo com fonte daquele órgão judicial, a assembleia de credores, realizada na segunda-feira da semana passada, não aprovou o plano de viabilização da empresa, que tinha sido apresentado no dia 02 de julho, pelo que foi decretada a liquidação total.
Esta liquidação concretizar-se-á com a venda de todo o património da Sá da Costa, para pagamento aos credores, e com a extinção da empresa.

A Sá 

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