domingo, 30 de junho de 2013

Uma oportunidade perdida para o Local do Público.


"Vai integrar a lista de Fernando Seara?


(Risos) Ainda não sei. A minha posição desde sempre nesta coisa das autarquias tem sido a de que eu tenho um grande amor por Lisboa. O partido conhece a minha disponibilidade, conta com a minha vontade de participar."

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Um grande Amor por Lisboa … neste caso não exprimido individualmente, mas sempre sobre a sombra do Partido.

Digamos de passagem que, além desta entrevista pretender ser um “aquecimento” para uma missão impossível … perfilar Fernando Seara como um Candidato que tem algo para dizer …

Além disso, da parte da jornalista do Público esta entrevista é muito fraquinha ( O Local do Público está muito enfraquecido e inibido pelas circunstâncias "locais" de trabalho ).

Sabemos que depois das investidas / ameaçadoras de Belmiro o Local foi “proletarizado” com menos pessoas a desmpenhar mais tarefas … mas o mínimo era exigir de António Prôa a definição detalhada daquilo que ele considera como “Reabilitação Urbana”… pois é aí que reside a questão …( para todos os políticos ).

António Costa permitiu a Manuel Salgado desenvolver uma concepção de intervenção no Património altamente destruidora e uma interpretação de Centro Histórico altamente alienante, para a sua Identidade Futura, Carácter e Vivência Quotidiana.

O mínimo que a jornalista poderia ter feito era ler esta passagem dos seus antigos colegas no blog O Corvo … e “apertar” com Prôa sobre estas questões …

António Sérgio Rosa de Carvalho

“Na Baixa de Lisboa, os hotéis nascem como cogumelos. Neste momento, existem 90, 80 dos quais licenciados. Cerca de 30 esperam licenciamento, e este número aumenta para 130, se se tiver em conta as colinas do Chiado e de Alfama/Castelo.”





"António Costa foi brindado com todas as facilidades por parte do Governo"

Por Inês Boaventura in Público

30/06/2013

António Prôa O líder do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) diz que o presidente da câmara "não soube aproveitar" facilidades e critica o seu "conservadorismo" em matérias decisivas



O autarca social-democrata diz que a reabilitação urbana "é um dos maiores insucessos" deste executivo camarário e afirma que António Costa não arrumou a casa. "Em muitas circunstâncias escondeu debaixo do tapete os problemas", acusa António Prôa.



Como avalia o trabalho do PSD na AML nestes quatro anos?



O PSD tem uma posição de grande responsabilidade, é o partido maioritário. Encarámos isso como um desafio e achámos que podíamos contribuir para a estabilidade, para a governabilidade, nas questões centrais. A prova mais emblemática foi a reorganização administrativa.



Foi um exemplo para o país?



Demonstrou que é possível ter uma atitude diferente na política e que em questões importantes e em momentos especiais os partidos podem cooperar. O facto de termos contribuído para a governabilidade deu-nos autoridade para sermos exigentes relativamente à acção da câmara. E verificámos que em muitas matérias, tendo o PSD dado todas as condições, António Costa não as soube aproveitar.



Está a referir-se a quê?



À reabilitação urbana, por exemplo. Aprovámos o empréstimo mais volumoso dos últimos anos, o PIPARU [Programa de Investimento Prioritário em Acções de Reabilitação Urbana], porque entendemos que era uma aposta importante para a cidade. Demorou mais de um ano a poder ser utilizado por manifesta incapacidade da câmara de compatibilizar a sua proposta com as exigências do Tribunal de Contas. E depois foi a concretização, que está à vista. A reabilitação é dos maiores insucessos desta governação.



Por que é que isso aconteceu?



Faltou a capacidade de concretização. António Costa não se pode desculpar com a oposição por não ter feito a reabilitação urbana, não ter tratado devidamente a acção social, não ter uma política cultural, não ter conseguido limpar a cidade devidamente... Tivemos uma atitude colaborante e construtiva. O PSD viabilizou a reorganização da estrutura orgânica da câmara.



Como avalia essa reorganização?



A câmara continua a ser muito ineficaz. Foi feita uma reorganização muito aquém daquilo que era necessário.



Também no campo das empresas municipais já disse que se devia ter ido mais longe.



É. No fundo há aqui uma linha de algum conservadorismo de António Costa. O arrumar a casa que ele referia ficou por fazer. Em muitas circunstâncias escondeu debaixo do tapete os problemas mas não arrumou a câmara.



E em relação às contas, a situação melhorou?



Os dados são indesmentíveis. As contas do município estão mais saudáveis.



Em grande parte devido ao acordo alcançado com o Governo relativamente aos terrenos do aeroporto.



Esse factor é determinante. A colaboração que o PSD na AML e na câmara procurou dar no sentido de ajudar a governabilidade, António Costa teve também essas condições na relação com este Governo e com os anteriores. Estive na câmara até 2007 e nessa altura não contámos com qualquer tipo de colaboração, antes pelo contrário, do Governo. Por exemplo, as contrapartidas do Casino Lisboa estavam a acumular-se na administração central e não eram transferidas para a câmara. Essas verbas foram desbloqueadas dias depois de António Costa ter assumido funções.



António Costa teve o trabalho facilitado?



Muitíssimo. Teve capacidade de se endividar, coisa que as maiorias anteriores não tinham tido. Foi desenhado um plano de recuperação financeira para as autarquias, pelo anterior Governo, à exacta medida das necessidades de Lisboa. Também com a Frente Tejo. Muitas das obras que são associadas a António Costa, e a que muitas vezes ele se associa, em rigor foram obras da administração central.



O Terreiro do Paço, o desvio dos esgotos que iam para o Tejo...



Exactamente. Toda a zona ribeirinha, que é a imagem de maior desenvolvimento destes últimos anos na cidade, é obra paga e iniciativa da administração central. António Costa tem sido brindado com todas as facilidades por parte deste Governo.



Há áreas em que António Costa se queixa de não ter conseguido essa colaboração do Governo, por exemplo quanto à Carris e ao Metropolitano de Lisboa.



Não faz sentido nenhum que a câmara não possa, pelo menos, ter nas suas mãos a capacidade de condicionar de forma decisiva um elemento que é estruturante para gerir a cidade.



Não é esse o entendimento do secretário de Estado dos Transportes.



Durante muitos anos, as autarquias reivindicaram a necessidade de terem uma intervenção mais directa nos transportes, mas nunca quiseram assumir responsabilidades relativamente aos passivos. Portanto, compreendo que do ponto de vista do Governo haja este preconceito relativamente às autarquias, que têm um histórico de alguma irresponsabilidade.



A mudança de António Costa para o Intendente deu frutos?



Não é sistema que um presidente da câmara para resolver um problema tenha de se sentar em cima dele. Agora, de facto, a reabilitação urbana no Intendente aconteceu. Não se fez outra coisa, que foi resolver os problemas sociais que existem na zona. Não se resolveu, nem se diminuiu. A regeneração no Intendente foi de fachada, foi só nos edifícios, e não introduziu alterações significativas nas questões sociais graves que ali acontecem e que são exemplo de situações que acontecem noutras zonas da cidade e que não têm tido resposta.



Nestes quatro anos houve dois PSD em Lisboa, o da assembleia e o da câmara. As divergências entre ambos fragilizaram a acção do partido?



Houve momentos em que não houve sintonia, não vale a pena esconder. Isso foi absolutamente ultrapassado mas aconteceu. Independentemente de algumas discordâncias e desarticulações, procurei em momentos-chave articular com Santana Lopes. Isso aconteceu no PDM [Plano Director Municipal]...



Na reorganização das freguesias isso não aconteceu.



Não houve sintonia mas por coisas muito pequenas.



Fernando Seara é um bom candidato à Câmara de Lisboa?



Acho que é um grande candidato.



O que destaca do trabalho que fez em Sintra?



Mudou a prioridade de acção da câmara do betão para a área social.



Não se conhecem as suas ideias para Lisboa.



Fernando Seara ainda não começou a fazer campanha, sejamos justos. Não escondo que isso me preocupa, porque estamos a pouco tempo das eleições e porque Fernando Seara tem muito a ganhar quando começar a fazer campanha e a apresentar as suas propostas e o seu contraste com António Costa. Há uma diferença muito grande entre eles: Fernando Seara está concentrado em ser presidente da câmara em todo o mandato e sei que António Costa, pela sua atitude recente, está sentado na Praça do Município mas tem a cabeça fora da cidade.



Pela escolha de Fernando Medina como número dois da sua lista?



Por essa escolha, pela quase candidatura a secretário-geral do PS no início deste ano... António Costa tem um pé dentro e um pé fora, vai querer outros voos e quase que aposto que se ganhar não cumpre o mandato até ao fim.



Fernando Seara vai sair fragilizado da situação judicial em redor da sua candidatura?



É inconcebível a limitação a que ele está a ser forçado de forma absolutamente inacreditável. A posição do PSD é muito clara: a actual lei não veda a possibilidade de Fernando Seara ser candidato. Temos a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa e temos os outros tribunais de uma série de municípios a dizer que candidatos nas mesmas circunstâncias se podem candidatar. Quem tem competência para julgar esta questão é o Tribunal Constitucional, sob pena de uma mesma justiça estar a julgar de forma diferente casos iguais.



O que é que será um bom resultado para o PSD em Lisboa?



Ganhar a câmara, como é evidente. Só isso é que é um bom resultado. Sei que o ambiente político nacional não é favorável. Ouvi António José Seguro apelar a que através destas eleições autárquicas fosse dado um aviso ao Governo. Acho que é de uma irresponsabilidade, de uma falta de respeito para com os autarcas, tornar estas eleições instrumentais.



Vai integrar a lista de Fernando Seara?



(Risos) Ainda não sei. A minha posição desde sempre nesta coisa das autarquias tem sido a de que eu tenho um grande amor por Lisboa. O partido conhece a minha disponibilidade, conta com a minha vontade de participar.

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