sexta-feira, 31 de maio de 2013

Reino Unido julgado por discriminação contra cidadãos da UE.


Reino Unido julgado por discriminação contra cidadãos da UE.

Por Diogo Vaz Pinto
publicado em 31 Maio 2013 in (jornal) i online

Comissão Europeia leva o Reino Unido a tribunal por discriminação de cidadãos da UE que reclamam o direito à segurança social

A Comissão Europeia acredita que o Reino Unido está a desrespeitar o direito da União Europeia e que, em consequência, terá negado a milhares de pessoas o acesso a benefícios sociais. Por essa razão, a Grã-Bretanha deverá enfrentar uma acção no Tribunal de Justiça Europeu, e é de esperar que o processo se arraste por alguns anos. O caso está a enfurecer muitos dos que já defendiam que Bruxelas tem interferido demais nas políticas governativas do país.

As autoridades britânicas são acusadas de assumir medidas discriminatórias contra cidadãos de outros estados-membros da União Europeia a viver e trabalhar no Reino Unido. Alegadamente, o país obriga os imigrantes a um teste adicional de residência de modo a perceber se estes estão aptos a reivindicar os seus direitos ao abrigo das leis comunitárias.

A UE prevê que os países conduzam um teste para determinar se um imigrante está em condições de beneficiar da segurança social, contudo, no Reino Unido o exame "direito-à-residência" restringe o acesso a um conjunto de direitos sociais, que em princípio deveriam estar disponíveis para os cidadãos provenientes de outros estados-membros.

O responsável britânico pelo Trabalho e Pensões, Iain Duncan Smith, deixou já claro que se prepara para fazer frente à comissão "a cada passo do caminho". Para o ministro conservador o que a comissão pretende é "diluir" as medidas do governo britânico para proteger os contribuintes.

"Não vou ceder e, entretanto, vou continuar a trabalhar no fortalecimento do nosso sistema de benefícios sociais para assegurar que este não está aberto a abusos por parte de ninguém", disse Smith.

Reforçando este ponto de vista, o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, afirmou que a comissão "neste caso está enganada", adiantando à BBC que: "É óbvio que temos de prestar apoio a quem o merece, a quem precisa e tem direito a ele, mas a nossa segurança social não está aberta a todos nem deve estar." O governo diz estar "bastante confiante" de estar sobre "terra firme" na defesa dos actuais critérios de acesso aos benefícios sociais, acrescentou o líder dos Liberais Democratas.

A realidade, no entanto, parece contradizer a posição do governo. Jonathan Portes, do Instituto Nacional de Investigação Económica e Social, assegura que os estudos sugerem que a população imigrante no Reino Unido reclama menos apoio da segurança social do que os cidadãos britânicos, adiantando que, segundo pesquisas da University College London, os imigrantes da UE pagam 30% mais de impostos do que os benefícios que obtêm.

Um dos casos ilustrativos do processo é o de uma cidadã da UE que depois de ter trabalhado e pago os impostos viu ser-lhe recusado o subsídio de desemprego quando ficou desempregada.

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