domingo, 28 de abril de 2013

RTP: contagem decrescente para o colapso? A CENSURA, ANTES E DEPOIS DE 1974, NO EXPRESSO: UM CASO POR ESCLARECER.


“Já ritual, o 25 de Abril envelhece na TV. A SIC destacou-se com um telefilme bem escrito, realizado e interpretado. ‘Lápis Azul’ juntou história e ficção nos Serviços de Censura cortando notícias do Expresso. Com economia de meios e de narrativa e um expressivo preto e branco, o telefilme foi boa ficção histórica. O telefilme coincidiu com a divulgação, em 19 de Abril, pela jornalista Marisa Moura, de casos de censura em 2010-11 na Exame e no Expresso, do mesmo grupo da SIC. Os trabalhos da jornalista não convinham, pois podiam pôr em causa publicidade empresarial. As grandes empresas são hoje o quinto poder. Impõem--se a alguns media. O grupo Impresa ainda não reagiu às acusações da jornalista. Um silêncio assustador.”

Eduardo Cintra Torres in CM.

RTP: contagem decrescente para o colapso?
Por: Eduardo Cintra Torres (ectorres@cmjornal.pt)

A RTP 2 está em 2% de share. Também a RTP 1 vai desaparecendo. Por ter programas com interesse público? Não. Por navegar à vista. Por estar paralisada, sem rumo, desmoralizada. Por fazer o contrário do prometido. O presidente anda em festas e entrevistas, em promoção pessoal. Do ilegal "director-geral", responsável pela total ausência de estratégia, não sai uma ideia. Apresentado como sucesso, o programa de rescisões amigáveis foram 207 consultas, não rescisões – e, entretanto, a RTP contrata um correspondente externo para Timor sem abrir concurso interno. A Direcção de Marketing (a única que interessa ao presidente), já com 36 pessoas, continua a crescer. E a RTP Meios foi aumentada ao ponto de se tornar impraticável. Para impedir críticas do provedor do espectador, a RTP não lhe renova o contrato e prepara-se para contratar alguém que fez parte durante décadas do "sistema" da empresa (e identificado com o PSD). Alguém acreditará na sua independência?
Nas rádios, o director de programas, Rui Pêgo, não faz reuniões com equipas há sete anos. A programação de TV não existe. O "director-geral" e os directores de programas e de informação não estão à altura. Em vez de interesse público, a RTP afunda-se em populismo, programas-dinossauros, repetições. Recorre desesperadamente às telenovelas: três por dia na RTP 1 (‘Éramos Seis’, ‘Sinais de Vida’, e ‘Windeck’, esta produzida pelo filho do presidente angolano e aceite a custo zero pela RTP). Programas novos? Comédias tipo anos 80, com a "ministra" Ana Bola e nova versão de Duarte & Ca. Na Informação, que contratou o maior divisor comum dos portugueses (J. Sócrates), há dois directores de "baixa".
Querem uma RTP comercial, mas a publicidade diminui. Com menos anúncios, o fim das "indemnizações compensatórias", a reposição de subsídios salariais por decisão do TC e a proibição europeia de subsídios por portas travessas, poderá não haver dinheiro em breve.
O caminho para a nova tutela governamental não é fácil. Ou mexe agora no ninho de lacraus e é um ai-jesus das carpideiras do costume, que querem ainda roer o que resta do osso em proveito próprio, ou pode deixar andar a RTP como ela quis, até que rebente. Já não falta muito. Talvez nessa altura se pudesse fazer a revolução tranquila e criar um serviço de interesse público a sério.

Texto escrito com a antiga grafia

A VER VAMOS

A CENSURA, ANTES E DEPOIS DE 1974, NO EXPRESSO: UM CASO POR ESCLARECER

Já ritual, o 25 de Abril envelhece na TV. A SIC destacou-se com um telefilme bem escrito, realizado e interpretado. ‘Lápis Azul’ juntou história e ficção nos Serviços de Censura cortando notícias do Expresso. Com economia de meios e de narrativa e um expressivo preto e branco, o telefilme foi boa ficção histórica. O telefilme coincidiu com a divulgação, em 19 de Abril, pela jornalista Marisa Moura, de casos de censura em 2010-11 na Exame e no Expresso, do mesmo grupo da SIC. Os trabalhos da jornalista não convinham, pois podiam pôr em causa publicidade empresarial. As grandes empresas são hoje o quinto poder. Impõem--se a alguns media. O grupo Impresa ainda não reagiu às acusações da jornalista. Um silêncio assustador.
JÁ AGORA
JORNALISTAS MILITANTES

Na RTP 1, o repórter J. M. Levy, num directo, pôs-se a distribuir cravos (acto patético que lhe saiu mal: nem um entregou). Há meses, na manif contra a troika, a repórter Joana Latino, da SIC, abraçou-se a um manifestante. Das duas uma: ou são jornalistas ou abandonam a neutralidade jornalística e participam nos acontecimentos. Nos dois casos não foram jornalistas.

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