segunda-feira, 29 de abril de 2013

Euforia e ilusões no ressurgir da "rosa".


Euforia e ilusões no ressurgir da "rosa"


Seguro uniu o partido como pôde e queria, acenando-lhe com vitórias. O resto será tudo menos fácil

Editorial Público /
29/04/2013


No discurso inaugural de sexta-feira, António José Seguro já tinha deixado claro ao que vinha: estava ali para unir o PS (com ex-adversários, amigos ou menos amigos, os que viessem) e para, selada essa união, prometer um caminho de vitórias. Sérgio Sousa Pinto ainda destoou da euforia geral, ao falar num "problema de credibilidade" por resolver e num "irrespirável impasse" por onde andaria o partido. Mas os ouvidos abrem-se mais facilmente às boas notícias e essas Seguro quis dá-las em forma de um renascimento "rosa": uma Convenção Novo Rumo aberta a todos (decalque dos Estados Gerais de Guterres, certamente), um programa eleitoral feito a partir daí, que reúna o maior dos consensos (palavra que ele aceita, claro que aceita, mas só quando for ele próprio a governar), uma miragem de vitória para as autárquicas e, num previsível crescendo, uma vitória ainda maior nas legislativas, para as quais Seguro vai já pedindo maioria absoluta para o PS. Não é nada que Portugal não tenha já visto ou ouvido, a maior parte das vezes com resultados funestos. Muito do que Seguro propôs no congresso poderá soar como um bálsamo para muita gente: quem é que não quer reduzir o emprego jovem pelo menos para metade? Quem é que não aplaudirá um governo que, como garante agora Seguro, "porá o emprego no coração das suas políticas e da sua acção"? Quem é que rejeita a defesa do Estado social, junto com os seus benefícios? Quem dirá não a uma Europa mais justa? E, no entanto, tantas palavras igualmente auspiciosas foram já gastas por outros candidatos a primeiro-ministro do país para depois se esboroarem na realidade que depressa trata de afogar as gongóricas promessas pré-eleitorais. Seguro pede uma maioria absoluta para governar, mas terá de provar merecê-la. E será tudo menos fácil. Os portugueses ainda não esqueceram o que sucedeu com Sócrates e, depois, com Passos Coelho. E já estão fartos de ser cobaias.



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